quarta-feira, 26 de maio de 2010

Little girl


Eram tantos amigos falando sem parar no "tão esperado" fim de Lost que eu resolvi fazer um retiro espiritual. Não gosto do seriado, nunca entendi patavinas e o único episódio que assisti me deu sono. Por isso, para nem lembrar que existe aquele avião que caiu mas não caiu, eu fui assistir Heidi, estrelado pela mais fofas das criaturas que já passaram por Hollywood: Shirley Temple. Sou fã da garotinha prodígio e há tempos não assistia a um filme com ela. Matei a saudade da suas gargalhadas gostosas, da cara emburrada, das travessuras e do sorriso mais doce que a tela grande já presenciou. Enfim, relembrei uma estrela que me deixou de boca aberta nos meus tempos de bailarina clássica com seu sapateado cheio de charme. Isso aos 6 anos de idade!
Quando o filme terminou, me pus a pensar em uma abobrinha dos meus tempos: a comparação entre Temple e a menina Maysa. Tirando os caixinhos e os vestidos românticos, são duas coisas completamente diferentes. Maysa é uma mini-adulta, blasé, maldosa até. Uma criança com um motorzinho que se sacode de qualquer jeito e todo mundo acha fofo. Todo mundo, não, porque eu acho uma aberração. Hollywood pode ter roubado um pouco da infância de Shirley ao fazê-la cumprir contratos e filmar várias vezes a mesma cena. Mas sempre a colocou na tela como criança. Uma criança talentosa, é claro, mas uma criança que ri, faz birra, foge de casa, acredita em Papai Noel. Tudo isso para fazer a América atravessar a Grande Depressão com menos pânico. Afinal, nem tudo é magia.
Quando cresceu, os papéis diminuíram, mas ela continuou uma competente atriz, em especial na atuação em Sangue de Heróis, do John Ford, onde interpreta a filha de Henry Fonda. Não era mais aquela guriazinha espevitada que o mundo aprendeu a amar, mas ainda tinha o brilho que a tornou eterna.
Fiquem com o sapateado incrível de Temple ao lado de Bill Bojangles Robinson!
Bjus da Bia

terça-feira, 18 de maio de 2010

Ao som dos passarinhos distorcidos


Ler Na natureza selvagem pela primeira vez é uma experiência única. Eu tinha 17 anos quando experimetei as maravilhosas descrições da estrada e da neve do escritor Jon Krakauer. Pude reviver a emoção alguns anos depois, assistindo ao filme dirigido e roteirizado por Sean Penn, que eleva a obra de Krakauer a uma potência que nenhum fã conseguiria imaginar. Penn conseguiu a proeza de fazer um filme tão poético quanto o livro, se deu liberdades inteligentes, que não incomodaram os leitores mais exigentes, que pensam que adaptar uma obra literáriam para o cinema é coisa fácil e, pior, acham que centenas de páginas podem ser resumidas em pouco mais de duas horas.
No último domingo, tive o prazer cinéfilo de curtir a versão em Blu-Ray do longa. É de enlouquecer. Por pouco não se pode sentir a neve gelada caindo e a poeira do interior americano sujando os calçados. Quando os créditos finais começaram a aparecer, tive que rir de mim mesma: eu, a garota urbana, militante pela banalização da vida na selva de pedra, aquela que não gosta de mato, de barraca, de mosquito, que sai pra pescar com as amigas por um fim de semana e já acha que exagerou na dose de verde do ano, me vi encantanda com a história de um cara que troca uma vida pronta por uma aventura. Me pergunto o que terá me seduzido nesta história. Talvez seja aquela coisa inexplicável, aquela vontade de ser o outro que a gente sente de vez em quando. Sabe aquele gostinho que dá vontade de sentir, de brincar de ser diferente do que a gente realmente é? Pois é, pra isso servem os livros e o cinema: pra gente experimentar e, caso ache necessário, correr atrás de uma trama semelhante no tempo que nos resta nessa vida sem roteiro certo.

Bjus da Bia

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Deve estar muito divertido


Godard não foi. Disse que estava cansado. Ok, ele pode. Tim Burton tava lindão na cerimônia de abertura( a foto acima não nega!!) e Robin Hood não fez o barulho que o público esperava. Afinal, em tempos de YouTube e outros "vazamentos" de cenas, nada surpreende a gurizadinha que acompanha cinema. Oliver Stone voltou a Wall Street e, dizem, acertou a mão mais uma vez. Sou suspeita, pois acho Stone muito original em tudo que faz, inclusive em seus filmes menores. O novo do Woody Allen fez muita gente levantar da cadeira na hora de aplaudir: voltou pra Nova York (love, love!) e mostrou que continua com o mesmo fôlego pra boas piadas. Daqueles filmes pra rir com o cérebro.
Mas o que mais surpreendeu em Cannes, famoso por apresentar aos cinéfilos do mundo os grandes filmes de guerra, ação ou adaptações esperadas da literatura,foi a presença da família. Isso mesmo. Aquela instituição um tanto esquecida pelo mundo de hoje estava lá na tela francesa, com seus conflitos e momentos cômicos, que fazem o tempero dos nossos dias. Um tipo de filme que muito me agrada, mas que soa estranhao para alguém que nasceu entre tiroteios e imagens grandiosas como a geração Avatar que anda por aí. Talvez seja um sinal de que as coisas vão mudar e, em tempos de crise cinematográfica no sentido financeiro, o "colo de mãe" pode ser a salvação.

Bjus da Bia

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Enquanto isso, num certo balneário francês...


Hoje começa o Festival de Cannes, que tem em sua sessão de abertura Robin Hood, uma versão atualizada dó diretor Ridley Scott para o famoso herói inglês. Nada que vá causar furor, pois quem assistiu Gladiador sabe como Scoot trabalho quando divide a empreitada com Russel Crowe: cavalgadas grandiosas, gritos, flechas e o que mais for capaz de encher os olhos do espectador. Se a minha intuição feminina está em boa forma, acredito que Cate Blanchet vai roubar a cena, graças ao seu charme natural, que ela consegue imprimir mesmo em personagens menores.
É óbvio que as bilheterias vão bombar, que a juventude vai adorar as batalhas dirigidas por Scott. Mas também tenho certeza de que quem conheceu as outras versões do filme, como as protagonizadas por Errol Flynn e Douglas Fairbanks, vai sentir uma certa saudade do clima de inocência e heroísmo. Em uma recente entrevista para a revista Movie, o diretor disse que nunca acreditou nas antogas adaptações cinematográficas da história de Robin Hood nem nos tempos de menino. Então tá. Scott tem todo o direito. Mas que assistiu sua estreia no cinema com o longa Os Duelistas, percebe uma certa pitada de nostalgia nas cenas de duelos. Bem parecidas com aquelas do passado. Enfim...


Pra mim, o ponto alto vai ser a coletiva do jurí, que este ano será presidido pelo meu querido Tim Burton, ue alcançou o cargo graças ao sucesso de Alice no país das maravilhas, que não é seu melhor filme, mas com certeza foi sua melhor vitrine.

Agora é cruzar os dedos e esperar os resultados. Que os deuses do cinema iluminem o balenário francês que não produz cinema, mas sedia o mais charmoso dos festivais dedicados a sétima arte.

Bjus da Bia

terça-feira, 27 de abril de 2010

O culpado


A correria está grande, mas não posso deixar passar em branco uma data tão importante. Amanhã o homem da minha vida completa 80 anos. Leonardo Luiz de França, pernambucano com cara de samurai,o mais antigo cinéfilo da família. O cara que me ensinou a gostar de Henry Fonda,a comer pimenta, que me ajudou a decorar a biografia do Randolph Scott, que me faz morrer de inveja por ter assistido O ladrão de Bagdá em um cinema no interior do nordeste. Marinheiro, leitor apaixonado, que não gosta de Tarantino e trata Clint Eastwood de igual para igual. Aliás, em maio, Tio Clint também completa 80 anos. Coincidência? Talvez. Tenho pelo Clint um carinho muito parecido com o que nutro pelo meu vovô. Mas Clint perde a parada: quem plantou o bichinho do cinema em mim foi o Seu Leonardo. E só por isso eu já devo muito a ele.
Vô, te amo, viu???? Bjus da tua netinha Bia
Ah, vamos comprar uns filmes juntos? Tá feito o convite.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cinema é tudo isso


Já é clássica na família a frase "Cinema é a paixão da Bia". Eu sorrio e concordo. Mas lá no fundo, eu digo pra mim mesma: não é só paixão, é obsessão.Não consigo separar as fases da minha vida dos filmes que vi. É quase impossível não associar o mundo que me cerca com o mundo que eu vejo na tela grande.
Minha babá foi Walt Disney. Mais precisamente as três fadinhas de A bela adormecida e o urso Balu de Mogli, o menino lobo. As minhas fugas da escola para assistir a Sessão da tarde. Minha mania de estudar história por meio dos filmes. Os heróis da Segunda Guerra sempre tiveram a cara do Burt Lancaster. A cada festa eu desejava um vestido que beirasse a elegância de Audrey Hepburn em Sabrina. A cara de choro do meu pai e a cara do Sid de A era do gelo. Minha mãe cantando pela casa, no melhor estilo Donna Sid do Mamma Mia!. Meu vô e seus traços orientais. Pra mim, ele é a cara do Kurosawa. E a minha vó tem um charme que me lembra Lauren Bacall: doce e forte. A paisangem de volta pra casa é o velho oeste que eu nunca conheci de perto, mas que os filmes me fizeram apreciar cada grão de poeira.

Cinema é tudo isso. E muito mais. Tenho muito chão pela frente pra descobrir isso.

Bjus da Bia

sábado, 24 de abril de 2010

Que bonita a sua roupa...

Achei que meu celular tava maluco, de tantas chamadas. Mas eram só os meus amigos pedidndo que eu ligasse a tv no SBT, mais precisamente no Programa do Ratinho. Meio desconfiada, lá fui eu. E há tempo não ria e chorava tanto. Edgar Vivár, interprete do Seu Barriga estava lá, dando entrevista e matando a saudade dos fãs. No outro dia, foi a vez do Quico, que continua o mesmo, não fosse pelos closes que evidenciavam suas rugas. Daí fui eu que resolvi enlouquecer o telefone dos outros: liguei pra todo mundo e só conseguia dizer "cara, tu lembra disso?"

Hoje amanheceu um dia frio, do jeito que eu gosto. E mesmo que o sol insistisse em se esconder, eu cantei baixinho, bem feliz: que bonita sua roupa, que roupinha muito louca...

Esse post, foi sem querer querendo!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Acende a luz

Lembro da tua chegada
lenta, mansa, delicada.
Mal pude ouvir a porta abrir.
Teus passos pareciam dançar pela cozinha e teu copo balançava ao som da música
que vinha da rua.
O vrum, vrum dos carros. O tunt tunt das caixas.

Servi o vinho e acreditei no teu discurso
Te contei segredos que nem eu mesmo ousava guardar por perto.
Senti tuas palavras susurradas
promessas de um futuro rápido
mas que tinha tudo
pra ser eterno e intenso.

Daí, a garrafa ficou vazia. Eu juntei os pratos, as taças e desliguei o som.
Rabisquei um bilhete enquanto a louça secava. Entreguei, beijei num estalo teu rosto.
E te pedi para acender a luz. Afinal, o livro que estou lendo tem letras pequenas. E grandes histórias.

As coisas que ficam


Lembram de ontem, do post da adolescência? E de uns dias atrás, quando falei sobre a faxina? Pois é, tudo se junta num mesmo dia. Na minha eterna faxina da estante, encontrei um tesouro que a muito não ocupava minha cabeceira: um exemplar modelo pocket de As Virgens suicidas, de Jeffrey Eugenides. Daí ficou difícil segurar o sorriso. Lembrei com clareza da minha ida até a biblioteca da escola durante a aula de matemática, com a desculpa de que precisava ir ao banheiro. Confesso que escolhi o livro pelo título. Naquela época, com pouco mais de 14 anos, me apavorava a ideia de morrer virgem diante de tantas amigas que já eram experientes quando o assunto era sexo. O que era pra ser apenas um motivo pra fugir dos estudos virou uma noite insone. Terminei o livro e me peguei relendo algumas passagens. O fascínio que 5 meninas misteriosas e lindas causavam nos garotos da rua. O choro de Lux ao ter que queimar seus discos. Os suicídios. Os segredos divididos.
Lembro que pensei várias vezes em não devolver o livro. Aqueles roubos que fazem sentido. Mas acabei desistindo depois de um discurso sobre integridade dado pelo meu pai na mesa de jantar. Anos depois, achei um exemplar e comprei. E, mais uma vez, me deliciei com a prosa pop e realista do livro. Decidi que ele deveria morar na minha estante pra sempre. Afinal, não perdeu o significado. Como todas as grandes obras.

Pra quem nunca leu, fica a dica. Outra boa pedida é curtir o filme de Sofia Coppola, que traduz com muito charme a trama de Eugenides. Sem contar a trilha sonora, que dispensa apresentações.

Bjus da Bia, saudosa e literária

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Exagero


A adolescência é tenebrosa. E não me venham com papos melancólicos e comentários sobre momentos incríveis, descobertas inesquecíveis e outras asneiras. Ser adolescente é ser sismado, incompreendido, desengonçado, desbravador das coisas que, na vida adulta, só vão te trazer dor de cabeça. Se eu encontrasse um gênio da lâmpada, parecido com aquele do filme O ladrão de Bagdá, e ele me oferecesse uma volta a juventude, eu sairia correndo. Ter novamente 15 anos? Não, obrigada. Prefiro umas férias num campo de batalha.
Toda essa conversa serve pra falar de um encontro que tive essa semana. Encontrei por acaso com uma antiga colega de escola e essa, após fazer de conta que não me conhecia, veio cheia de intimidade, três beijinhos, como se fôssemos amigas de infância. Uma falsidade signa de um Framboesa de Ouro! Ela continua a mesma do tempo da sala de aula: os papos continuam os mesmos, o estilo mudou pouco, ganhou uns quilinhos a mais e continua se achando o máximo. Tenho certeza de que foi pra casa pensando que continuo a mesma nerd de sempre. Engana-se, minha cara. Eu mudei e não sonho mais fazer parte da tua turma. Tu é que continua a mesma, só que com o mundo te esperando lá fora.
Ser adolescente é ser exagerado. A gente pensa que não ir a tal lugar ou não ser escolhida pra alguma coisa é o fim do mundo. Acha que nunca mais vai amar na vida depois de um fora, quebra coisa, chora feito criança, se apaixona perdidamente por um imbecil, diz que nunca vai ouvir outra música, treme de medo...depois passa. E a gente ri, enquanto aproveita a melhor fase da vida: a adulta.

sábado, 17 de abril de 2010

Uma linda mulher


Certas coisas nunca mudam no mundo do cinema, por mais que os saudosistas insistam em dizer que "naquele tempo as coisas eram diferentes". Rita Hayward fazia pequenos choques para melhorar a pele e precisou perder quase 10 quilos para entrar no maravilhoso vestido de Gilda. Hoje, Nicole Kidman lava o rosto com géis caríssimos para manter a pele alva e Cameron Diaz já nem articula mais as palavras direitos por culpa do botox. Mas algumas moças resistem as maravilhas da estética, sem perder a vaidade, é claro. Entre os exemplos, o que mais mais encanta é Natalie Portman.
Mas por que ela? Ora, porque é linda, vegetariana e talentosa. Ela mostrou a que veio desde a estreia em O Profissional, de Luc Besson, ao lado de um monstro da interpretação como Gary Oldman. Aos 12 anos, ela já tinha aquele brilho de estrela, algo que ninguém explica. Cresceu e caiu nas mãos de diretores como Mike Nichols e Milos Forman, mudou o visual várias vezes ( raspou a cabeça num ato de amor a arte de interpretar) e se dedicou a tornar-se melhor a cada dia.
É vendo atrizes assim que a gente se pergunta: será que as repuxadas, lipospiradas, verdadeiras bonecas de cera vão sobreviver? Ou a batalha contra as ruas vai tomar conta do cotidiano das moças? De que adianta uma linda exibição no tapete vermelho dos festivais se o que se vê na tela são mulheres engessadas?
Como em outras décadas houve Audrey Hepburn e sua beleza natural, eu faço minhas preces pra que o mundo tenha mais Natalie Portmans. E que nós as tenhamos como guia.

Bjus da Bia :)

terça-feira, 13 de abril de 2010

"Faxineia"


Não sou neurótica por limpeza mas adoro uma faxina. É uma e duas e lá estou eu colocando em uma nova ordem os livros da estante ou os bonequinhos que enfeitam a mesinha ao lado da escrivaninha. Tiro o Shreck de lugar, troco pelo Seu Madruga e no fim do dia nenhum dos dois está lá, mas sim em outro canto. Gosto dessas mudanças desde pequena. Sempre pedia para minha mãe ajudar a mudar a cama de lugar. Não consigo me sentir plenamente bem dormindo sempre do mesmo lado, do mesmo jeito. Algumas coisas permanecem intactas, como o cobertor psicodélico que ganhei no início da faculdade e que acompanhou as madrugadas frias de leituras no sofá da sala. Ele continua lá, na cabeceira da cama, dobradinho esperando o santo inverno chegar.
Essas faxinas são terapêuticas. Não sou médica nem garanto resultados, mas comigo funciona. Minha última "limpeza" resultou em muitos livros e roupas doados. Mas logo livros? Sim, eles perdem o significado. Por isso, devem ser passados adiante. Alguém pode precisar deles. Meus Kerouac foram para a biblioteca da escola onde estudei. Tentei relê-los, mas eles perderam a graça. Não provocaram nenhuma sensação parecida com a da primeira leitura. Quando a gente é jovem, se emociona fácil. Mas O apanhador no campo de centeio continua lá, firme e forte. E um tanto quanto amarelado também. Pra mim, sempre será necessário uma olhadela naquelas páginas. Assim como os do Jack London e da Jane Austen. Eles ainda me fazem sorrir e chorar e acreditar. Por isso, merecem permanecer. Já as roupas é por uma questão de maturidade mesmo. Não preciso de tantas blusas e nos últimso tempos tenho pensado mil vezes antes de comprar uma peça. Vai ver descobri o realmente gosto de vestir.
Me sinto mais leve, mas feliz. Tem horas que tu descobre que não tem porque guardar aquele jornal velho com uma reportagem que não significa mais nada pra ti. Ele pode servir muito mais para os cachorros. Aliás, preciso criar um post para pessoas que, assim como eu, são apaixonadas por caninos. Descobri isso "faxiniando" minha lista de pautas para este lugarzinho.
Então vamos lá. Faz de conta que a infância não acabou e coloca as Paquitas pra tocar: "...velho vira novo, basta um pouquinho de água e sabão!".
Bjus da Bia

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Infância de carburador


Eu e o Opala do Vovô


Numa coisa, pelo menos, eu puxei ao meu pai: sou apaixonada por carros antigos. Ao contrários das linhas modernas das máquinas de agora, havia todo um charme, inclusive nos modelos populares de outros tempos. Mas tenho que delcarar o meu amor pelo Opala. Quando converso com meus amigos que também curte uma "lata velha", sempre rola a pergunta 'mas por que logo o Opala?'. Eu explico, meninos. É caso de amor.
Fui praticamente criada dentro de um Opala. Meu avô tinha um quando eu nasci e eu comecei a ver a vida passar na janela dentro de um modelo bege e depois, um grafite. Quando meu avô resolveu que era hora de mudar de ares, eu tinha 8 anos. E sofri muito pra deixar de andar no Opalão do vô. Ontem, ao passear por uma exposição de carros antigos, me deparei com vários modelos lindos de Opala. Mas nenhum com o cheirinho da minha infância, a fumaceira do cigarro do meu vô durante as viagens até Floripa nem a bagunça das minhas bonecas espalhadas no banco de trás. Mesmo assim, bateu saudade.
É em momentos assim que a gente percebe o tempo passar. Temos um passado e ele já dói quando lembrado.

Bjus da Bia

sábado, 3 de abril de 2010

A doutrina do olhar


Aprendi a gostar de filmes de guerra com o meu avô Leonardo. Se eu me saía bem nas provas de história, a culpa é toda dele. A cada questão, eu enchergava o rosto de Henry Fonda, Charlton Heston, Gary Cooper, Richard Attembourgh e Michael Caine. Aprendi sobre as batalhas pelos filmes e esquecia a página dos livros. Isso trouxe para o meu olhar um tipo de vício: toda vez que ajeito na poltrona do cinema ou me posto em frente a televisão, meus olhos vão se adaptando para que possam admirar explosões, gritos e outras catástrofes. Isso não é síndrome de urubu, não sou do tipo que gosta de ver a desgraça alheia. Mas para isso existem os filems de guerra, para que nossos olhos captem e sintam o impacto das lutas que mudaram (e ainda mudam ) a nossa história. Tem pessoas que não conseguem assistir determinados filmes, sentem tonturas e até passam mal. E eu logo penso: que fracas, a vida tem coisa muito pior. Eu me senti assim apenas uma vez, durante o repugnante e pesado Irreversível, filme que foi feito para intimidar até o mais adaptado dos espectadores. Mas isso é intenção. Fora dessa linha, o cinema choca com sentido de desbravar histórias e esse mal estar é algo natural e também o fio sedutor que nos leva a querer saber o que nos espera logo adiante, na cena seguinte.
Há muito modos de observar os campos de batalha que a sétima arte constrói. Guerra ao terror é cru, assim como Agonia e Glória, de Samuel Fuller. Já Platoon e Apocalypse Now mergulham fundo nas feridas que a guerra faz nas pessoas, analisando o momento em que elas são abertas. Mas também tem MASH, do saudoso e inteligente Robert Altman, que avacalha com tudo e faz da guerra um grande circo. O que não deixa de ser lá uma verdade.
Numa tarde dessas, eu e o meu avô cinéfilo fomos as compras pela internet. Depois de quase meia hora avaliando e pesquisando preços, fizemos nossas escolhas. Sargento York, de Haward Hawks (gênio!) e A batalha de Midway, que tem no elenco um trio de parar o cinema: Henry Fonda, Charlton Heston e James Coburn :)))
A conta do cartão de crédito vai ser alta, mas vai valer cada segundo. Tenho certeza que vou levar para sempre as lições sobre filmes de guerra dadas pelo meu vovô querido, responsável por doutrinar meu olhar diante da barbárie.