domingo, 18 de setembro de 2011

Fazendo Arte

As coisas da Bia agora estão no site do programa Fazendo Arte da Rádio Universidade (800 AM). Toda sexta-feira, essa Bia que vos fala vai indicar um filme bacana para você curtir no fim de semana ou quando quiser! É só acessar www.ufsm.br/fazendoarte ese divertir :)))

Bjus da Bia

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Renegado impiedoso


Se esse blog resolvesse fazer uma série de posts sobre diretores injustiçados, vocês, caros leitores, iam cansar as vista tal o tamanho da turma que trabalhou bem e não foi reconhecido. E eu não estou falando só de não ter recebido Oscar ou integrar listas importantes. Falo de não ser lembrado, que é o tipo de rejeição que mais dói. São muitos os nomes, mas um em especial me perturba seriamente.
O americano John Sturges nunca foi um cineasta autoral e podia sem problemas ser enquadrado como um diretor de filmes por encomenda, ou seja, o estúdio comprava os direitos do roteiro, o escalava e ele dirigia. Assim, prático e sem grandes aspirações artísticas. O que não quer dizer que a Sturges não tivesse dedicação e esmero em seu trabalho. Cada frame era extremamente estudado, fotografia impecável e uma direção de atores que muitos mestres não possuem.

Indicado ao Oscar apenas uma vez, pelo suspense Conspiração do Silêncio, há pouca informação sobre John Sturges disponível em livros e mesmo na internet ele ainda é um desconhecido em muitos sites sobre cinema. É a velha história do filme que se sobrepõe ao diretor, já que Sturges nos deu obras incríveis como Fugindo do Inferno, A Águia Pousou, Sete Homens e um Destino e Sem Lei e Sem Alma, filmes que marcaram o gênero de guerra e o faroeste. E aí está mais um motivo para Sturges ser pouco ou quase nunca lembrado: seus filmes não eram revolucionários, não mudaram a história do cinema mas estão presentes na lembrança de muitos admiradores da sétima arte por serem bem acabados, divestidos e empolgantes, características que os críticos mais blasés e chatos não costumam levar muito em conta. Uma boa amostra disso foram as críticas pesadas em cima de Sete homens e um destino, uma adaptação de Os Sete Samurais, antes mesmo de seu lançamento. Os mais tradicionais acharam quase uma ofensa trazer a obra única de Akira Kurosawa para um cenário tipicamente americano como é o velho oeste. Quem pensou assim esqueceu que entre as influências de Kurosawa está o grande nome do faroeste John Ford. Ou seja, samurai pode sim dar uma volta na poeira ianque. Sturges não se deixou influenciar e fez seu filme tornar-se único: não é nem melhor nem pior que o de Kurosawa. É diferente, apesar das semelhanças.
John Sturges era um trabalhador do cinema. Cumpria prazos, não dava chilique e mantinha um clima de harmonia entre seus atores. Chegou,inclusive, a aumentar uma cena de perseguição de moto a pedido do amigo e astro Steve McQueen. O resultado foi uma das melhores cenas de fuga que o cinema já viu. E a prova de que nem só de rixas e desentendimentos se faz um bom filme.

Renegado Impiedoso é o nome de um western indígena protagonizado por Charles Bronson, um outro amigão de Sturges. Não foi dirigido por ele, mas o título cai como uma luva para definí-lo. Um diretor sem medo da labuta, mesmo que pouco lembrado. E mesmo que ele não tivesse feito nenhuma película marcante, só por isso já mereceria nosso aplauso.