terça-feira, 30 de novembro de 2010

Era pra ser um roteiro, virou uma historinha

Sabia que não haveria bilhete embaixo do capacho ou preso na porta da geladeira. Ele não havia passado por ali. É bem provável que não tenha pensado nela durante o dia. Ela fazia o cansaço parecer maior para ocupar a cabeça com coisas que não tivessem a ver com ele. Foi cuidar de si com shampoo, sabonete e cremes perfumados.
Ela gosta como poucas da sensação pós-banho, que mistura dever cumprido com uma vontade lancinante de recomeçar. Parecido com o que ela sentia quando ele aparecia na porta.


Bjus da Bia

sábado, 27 de novembro de 2010

Afinal, o que eu quero?

Luiz Fernando Carvalho é um dos meus diretores favoritos, mas me tapo de nojo cada vez que surge a chamada da série Afinal, o que querem as mulheres? E não é só pelo charme do Michel Melamed e do Rodrigo Santoro, é pela dúvida mesmo. Eu, que amo ser mulher, tento não pensar nas complicações que isso me causa. Prefiro pensar que não quero nada. Da boca pra fora, é claro. Por dentro, eu não respondo essa pergunta em menos de 5 dias.
Quero amor, mas não quero amor piegas. Quero poder não sentir remorso quando esqueço de passar hidratante depois do banho. Quero comer doce e não ter culpa. Quero aprender a amar as rugas que surgem no meu rosto. Quero dividir meus sonhos, inclusive os impossíveis. Ganhar de presente a solidão algumas horas por dia. Observar a madrugada quieta. Olhar e me fazer entender. Olhar nos olhos. Beijar sem em preocupar com o momento de acabar. Quero uma paixão que me tire o ar por alguns segundos. Não precisa durar pra sempre, mas que a intensidade fique pra sempre. Quero um tesão não desses que se vende em revista. Quero algo que não precise de gritos, só de sussuros.

Preciso assistir, toda quinta, Afinal, o que querem as mulheres?

Bjus da Bia

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Cara feia

Cara feia. Taí um negócio que eu tinha medo quando era pequena. De certas pessoas da família eu só me aproximei depois de grande, poque quando eu era criança, morria de medo da cara delas. Nem todas eram carrancudas, não, tinha umas até bem delicadas. Mas sei lá...tinha uma coisa lá que me incomodava. Gente gentil demais sempre me deixaram em pânico. Sabe aquelas tias que apertam a tua buchecha e falam como se a gente tivesse um mês de idade? Não existia cara mais feia pra mim do que essa. A "meiguice" conseguia o feito de deformar titias e afins.
Cresci e perdi esse medo. Perdi não, escondi numa gaveta qualquer. De vez em quando ele salta e eu tomo uns sustos por aí. Mas essa encanação com cara feia me deu um hábito que muito me ajuda na minha profissão e nas minhas aventuras como escritora.
Adoro observar os rostos na multidão. Tá, não precisa ser multidão, pode ser consultório de dentista. Gosto dessa brincadeirinha divertida de tentar adivinhar o que pensa ou pra onde vai determinada pessoa. Sabe quando a gente vê alguém anotando algo na agenda? Eu fico logo pensando que pode ser uma carta de desculpas, ou então o início de um livro que vai ser sucesso. Tá, você aí do outro lado deve estar pensando: e se ela só estiver anotando que precisa comprar sucrilhos e leite? Fazer o quê.
Imaginação serve pra gente colocar graça na vida.

Bjus da Bia

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Cheiro...

Adoro comerciais de perfumes. Bobeia e eu escolho meus aromas pela propaganda. Mas esse da fragância Coco Mademoiselle, da Chanel, é de uma elegância única. Ah, e não é enganosa, não, viu?! O perfume é ótimo. Aliás, o meu tá acabando ;/
Ah, não deixem de ver o Behind the scenes, ok?!

Curtam! Bjus da Bia



Um poeminha pra acalentar os corações

Essa Bia anda que é uma doida, por isso, as idéias são muitas e o risco de um posto se transformar numa confusão da gota é grande. Pra acalmar as coisas, um poeminha saído do forno.

Acesa
By Bianca Zasso

Você trouxe a lâmpada
para o meu quarto escuro
e as lágrimas que passeavam
pela minha face
começaram a secar.

O café quente
acalmou minha garganta
silenciou meus desaforos
e colocou pra dormir
a fera que insistiu em morar aqui
na altura do estômago
me turvando a vista
e me tornando insone.

Lá fora é primavera.
Mesmo assim
o vento frio sopra no cômodo.
Se eu fosse você
apagava essa lâmpada
e vinha me acender.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Tudo termina aqui



Me chamem de louca, não me importo. Eu sei do peso que essa história tem na minha vida. Sentar na fila e esperar pra entrar na sessão de Harry Potter e as relíquias da morte - Parte 1 foi como voltar pra um lugar conhecido que a gente não visita há tempos. No caso, foram dois anos de espera pro lançamento da primeira parte de um final épico. Hoje percebi que cresci junto com a saga e que ela me fez quem sou hoje. Não só no quesito leitora voraz, mas na minha maneira de lidar com a vida. Tia Jo me ensinou a lidar com a morte e a dar valor aos poucos e bons amigos que a vida me deu. Foi uma sessão emocionante, com momentos de riso solto e algumas lágrimas. Sabe álbum de família, que a gente olha e relembra dos momentos registrados? É assim que eu me senti.
Logo mais virão os filhinhos e eu vou ter orgulho em dizer que fui da geração Harry Potter. E que venha a segunda etapa!

Te contei?

Já que teve que gostou (acredite, teve!) aí vai mais um conto dessa que vos escreve!
Bjus da Bia

ESCONDE-ESCONDE

Sabrina sabia. Era tímida até o último fio de cabelo. Cabelo esse que ela fazia questão que fosse comprido e cobrisse boa parte do rosto. Para ela não existia coisa mais triste do que perceber que estava sendo observada. Aí, meu pai do céu! Tem alguém me olhando. Alguém sabe se no quintal tem uma terra fofa, onde eu possa cavar um buraco e me esconder dentro?
Se dependesse dela, dormiria embaixo da cama, que é pra ninguém vê-la sonhando. Por que que toda vez que vem visita, a mãe da gente insiste em reunir todo mundo em volta da mesa? Será que eu não tenho o direito de comer tendo apenas a companhia das paredes do meu quarto? Elas são quietinhas, não ficam o tempo inteiro perguntando como está a escola ou se eu já sei o que vou ser quando crescer. E o melhor de tudo: elas não têm olhos.
A Júlia era a melhor amiga da Sabrina. E a Júlia a-do-ra-va trocar olhares com o Marcelinho, que era tido como o garoto mais bonito da escola, apesar de não ser muito chegado a lavar o cabelo ou usar perfume. E não é que ela sempre trocava esses olhares cheios de significados sempre na frente da Sabrina! A coitadinha não entendia como uma pessoa pode gostar de ser olhada e, ainda por cima, retribuir o olhar. Deus me livre e guarde, gritava a Sabrina. A Júlia até pensou em tentar ensinar pra Sabrina a arte dos olhares. Esquece, querida! Você só vai perder seu tempo. Sabrina sabe, como ninguém, que olhar não é com ela. Ainda mais olhar pro Marcelinho.
Tava um frio de rachar quando a Sabrina conheceu o Breno, primo da Júlia que morava no interior. A amiga vivia dizendo que ele vivia cercado de galinhas e pintinhos, que tinha um cavalo de estimação chamado Carrapato e que seu esporte preferido era nadar numa cachoeira cercada de mato e sabe mais Deus o quê. Enfim, um caipira de primeira grandeza. Não sabia mexer em computador e achava que passear no shopping era uma chatice sem tamanho.
Chegou a noite. Sabrina se cobriu com um cobertor pesado, mal podia mexer os pés. Pensou na Júlia, esperando o sono chegar. Lembrou da Júlia olhando o Marcelinho e depois, no Marcelinho olhando a Júlia. Pensou no Breno e em como devia ser a casa dele, lá na fazenda. Sentiu vontade de conhecer Carrapato, o cavalo. Lembrou do Breno olhando pra ela. Cobriu a cabeça com o travesseiro. Sentiu o ar faltar e jogou o travesseiro longe. Ficou quieta. Pensou seriamente na possibilidade de olhar para o Breno.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Norah, I love you


Esse post é em homenagem ao meu amado Rafa Guerra, que hoje vai assistir a musa Norah Jones ao vivo em Porto Alegre. Por motivo de força maior, eu não vou. Mas pode crer que, se desse, eu estaria lá ao lado dele cantando todas em alto e bom som. Isso sem contar que íamos tentar uma fotinho, né?? Bom show pra quem vai e boa madrugada ouvindo Norah no som pra quem fica.

Pra quem não conhece ou quer curtir a moça, aí vai um trechinho do super show que ela fez em Sampa.




Bjus da Bia

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Mulherzinha

Sou a maquiadora oficial da minha mãe e da minha turma de amigas. Tem festa ou entrevista de emprego? Lá vou eu e minha maletinha. A-do-ro meu cargo e não abro mão por nada. Isso sem contar o empréstimos de creminhos e truques de beleza. Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo, mais precisamente quando eu tinha 12 anos, em que eu abominava maquiagem e qualquer coisa que lembra-se vaidade. Meus únicos rituais de beleza naqueles tempos tenebrosos eram tomar banho e usar perfume e desodorante. O que me fazia ser assim? Algum neurônio aloprado ou coisa do tipo, também podia ser a mais pura e tosca rebeldia. Se não há com o que se rebelar, deixa a juba crescer e fuck off! Mas, graças ao céus, existe o sábio e mano véio tempo que cura tudo. Eu me dei conta que não havia nada de mal em ser vaidosa e rebelde, que eu podia, sim, questionar o mundo e passar batom sem que uma coisa prejudicasse a outra. Hoje, nos meus armários, blush e rímel convivem em perfeita harmonia com livros e filmes. Aliás, eles não só dividem o mesmo teto como se completam. Clarice Lispector (Deusa!) assumia sua vaidade e suas feminices sem neuras. Talvez por isso tenha sido tão genial. Homem nenhum, por mais cheio de sensibilidade que seja, escreveria como ela. Tem coisas que só quem tira a sobrancelha consegue dizer.
Se eu sinto saudade dos meus tempos hipongas? Sinto...fui feliz apesar dos pesares. Mas hoje sou completa e faço minhas as palavras de Clarice:

Felizmente nasci mulher. E vaidosa.

Só uma coisa eu não agüento: salão de beleza. Mas isso é papo pra outro post mulherzinha.

Bjus da Bia, e fiquem com dicas ótimas de maquiagem com a It Júlia Petit

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lista: coisas que eu queria

-Um emprego que me desse um bom motivo pra levantar da cama;
-Ganhar um festa de aniversário surpresa;
-saber cantar;
-ser realmente engraçada, pois eu adoro pessoas engraçadas;
-escrever bem de verdade;
-ser reconhecida pela inteligência;
-aprender a não deixar desandar o pudim de leite condensado;
-encontrar alguém para dividir os sonhos.

Bjus da Bia

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mãe Miojo


Odeio comercial de margarina. Eles conseguem ser mais surreais que qualquer filme do David Lynch. E olha que do Lynch eu gosto, me dá mais barato que vodca com goiabada(se vocês nunca tomaram, eu não aconselho provar). No comercial de margarina, todo mundo acorda feliz, cheiroso, penteado e usando o último grito em Milão no lugar do pijamão estrupiado. Agora me diz, em que casa que o café da manhã é assim? Nem na Disney deve rolar uma coisa tão arrumadinha assim. O Pateta deve levantar de pantufa e com bafo, não tenho dúvidas. Mas mais impressionante que isso é a comida que tem na mesa. Pão caseiro cheiroso, manteiga derretendo...bom,né? Agora me diz que mulher hoje em dia se presta a fazer pão caseiro? Pior: se o pão tá sendo tirado do forno de manhã é porque ele foi feito durante a noite, certo? Que que deu nessa mãe? Tava com insônia e pensou: humm, vou fazer um pão caseiro! Daonde isso? Mães modernas quando tem insônia tomam um Rivotril e deu! Deitam e roncam.
Digo isso porque não existe mãe mais moderna que a minha. Ela é preocupada, chata, briguenta, grudenta e doidivana como toda mãe. Mas tem seus poréns e eu adoro. Por exemplo: sabe aquela imagem da mãe de avental, na beirada do fogão fazendo uma comidinha especial pro filhote? Pois é, minha mãe faz isso. Toda vez que eu chegava do colégio lá estava ela, falando sozinha sobre contas, trabalhos e os cabelos brancos que já estavam aparecendo enquanto a água fervia na panela. Vocês devem estar pensando que ela fazia um ravioli ou então uma macarronada das boas, com muito molho branco, certo? Bom, era massa, eu garanto. Mas não parecia nem ravioli nem macarronada.
Miojo,meus caros. Minha mãe fazia Miojo assim, simples e claro. Água quente, 3 minutos, tcharam! Eu comia quieta, mas sentia certa invejinha dos meus coleguinhas e suas mães prendadas e doceiras. Mas isso foi só por um tempo. Hoje, antes de chegar em casa eu sempre ligo e escuto a mesma coisa:
- A mãe já comprou Miojo e Danoninho pra ti. Ah, e um salgadinho novo que dizem que é ótimo.

Basta pra mim. Melhor que ter passado a infância vendo mamãe enfiar alface goela abaixo.

Bjus da Bia

Um conto, um ponto


Escrever ficção é hábito pra mim. Se eu parar, eu piro. Lead e afins tem limite, e a gente precisa de um pouco de loucura, às vezes. Por isso, na falta de boas ideias reais, vamos as mentiras saudáveis.

Bjus da Bia

BAÚ MOFADO

Vão fazer duas semanas que eu me mudei pra casa da minha vó. Não sei direito porque minha mãe me mandou pra cá. Talvez ela esteja precisando de um tempo. De uns dias pra cá, ela andava muito chata. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Nem oi mais ela me dava. Sempre correndo, nunca suando. Nunca vi minha mãe despenteada ou com roupa de casa. Sempre batom, sempre spray fixador.
Minha vó sabe fazer sorvete. Eu pensei que só as fábricas soubessem fazer sorvetes. Demora um tempão, tem que achar o ponto certo, senão o sorvete fica mole. Minha vó não gosta que eu fique na cozinha. “Cozinha não é lugar de criança”, grita sempre, grita alto. Não me importo. Não gosto de cozinha. Minha mãe diz que quem gosta de cozinha vive cheirando à gordura. Estranho...minha vó não cheira a gordura...nem a sorvete. Pra mim ela tem cheiro de baú mofado, desses que guardam coisas velhas. Ou então cheiro de lavanda, daquelas que se põe no balde para limpar os banheiros.
Ela prometeu fazer sorvete de chocolate hoje. Duvido. Minha vó odeia chocolate. Diz que só serve pra deixar as crianças lambuzadas e gordas demais. Prefere mil vezes sorvete de creme, que é branco, cor de limpeza. Odeio sorvete de creme. Tem gosto de coisa velha.
O quarto que eu ganhei aqui é legal. Um pouco pequeno, mas é legal. Tem uma cama e uma cômoda com um espelho enorme. Minha mãe adora espelhos. A vó não deixou eu trazer as minhas bonecas, disse que elas não servem para nada, que logo logo eu vou crescer e elas não vão mais ter importância para mim. Trouxe uma, escondidinha, a Carlota. Ela deve ser a menor boneca do mundo, cabe na palma da mão. Eu ganhei ela num balão surpresa, no aniversário da Sarah. A coitada já tá meio desbotada, de tanto andar escondida na minha mão. De manhã, escondo ela dentro da fronha, para não correr o risco de vovó jogar ela fora durante sua faxina matinal. A porta do quarto range toda vez que abre. Parece aquelas portas de filme de terror. Não sinto medo dela. Ela é muito chata, isso sim! Barulhinho chato.
Acho que semana que vem, minha mãe vem me buscar. Espero que esteja menos chata. Gosta daqui, mas acho que já tá na hora de ir. A Luiza, minha colega, disse que casa de vó é o melhor lugar do mundo. Será que ela tem vó? Será que ela cheira a baú mofado e faz sorvete de creme? Será que ela pode ter bonecas no quarto? Será que a porta range?
Acho melhor guardar a Carlota dentro da gaveta da cômoda. Vai que minha mãe me esquece.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Caminho

Sabe quando chove, daí pára e começa a abrir um solzinho? Foi num dia assim que isso aconteceu.
-Manhê, eu acho que agora vai.
-Calma, não cria muita expectativa. Mas também não esquece de pensar positivo.
-Jesus, manhê! Como é que eu vou fazer essas duas coisas ao mesmo tempo?
-Como tu sempre fez.
-Eu? Tá doida?
-Quando tu era pequena eu mandava tu fazer isso antes de ir pra escola e tu sempre fazia.
-Como é que tu sabia que eu fazia? Comprou uma bola de cristal e nunca me mostrou?
-Eu sabia porque sou tua mãe. E mãe sabe tudo.
-Tudo?
-Tudinho, tudinho.

Quietas.

-Manhê...
-Eu decidi pelo caminho mais difícil. Quer dizer, eu tô pensando eu decidir pelo caminho mais difícil. Mas eu não quero que ninguém sofra com isso, entende?
-Entendo.

Quietas outra vez.

-Filha...
-Quê?
-Não existe caminho difícil. Existe o nosso caminho.

Quietas e felizes.

-Em eu tô aqui, tá?

Bjus da Bia

João, Adriana e o meu sonho

Adriana Falcão era minha escritora preferida. Continua sendo, mas agora eu sei o que conversar com ela sobre coisas que não sejam livros e afins. Ela é casada com o João Falcão. E ontem os dois, fazendo uma junção com Jorge Furtado e Guel Arraes, me fizeram chorar. Muito. E pensar outro tanto sobre replantar uma semente que eu esqueci num quintal qualquer.