segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Irmandade



Pra quem não sabe, sou filha única. E a pergunta que mais ouvi até hoje é se sinto falta de irmãos. Não, obrigada. Já me bastam os que eu tenho. Cuma??? é isso aí! Eu tenho irmãos e irmãs. E sou tão sortuda que pude escolhê-los ao meu bel prazer. Hehe. É o maior dos clichês "somos mais que amigos, somos irmãos" mas tem horas que é a mais pura das verdades. Amigos podem até ser muitos, mas sempre têm aqueles que a gente ama mais, que confia mais e que liga de madrugada sem pensar duas vezes: a gente sabe que não vai incomodar. E, caso incomode, vai ouvir na cara. Sem desculpinhas espatifadas. Puf! é telefone na cara e sem mágoas no dia seguinte. São as pessoas que escutam as tuas verdades sem julgar, que te puxam a orelha e te proporcionam as melhores gargalhadas. As poucas pessoas da terra em que você se sente à vontade pra falar bobagens e contar o mais novo segredo do teu coração.Tão bom, tão bom.
Se eu fosse colocar a foto de todo mundo, ia cansar a vista. Por isso escolho duas, minhas manas queridas:
Li, irmã desde os 14 anos e Flah, maninha que "nasceu" durante a faculdade

Eu não sou muito de homenagens rasgadas, sempre fico vermelha e sem palavras. Mas é pra isso que existe a palavra escrita, pros tímidos como eu que nem sempre conseguem dizer na lata o quanto gostam de alguém.

Bjus da Bia

A escola e o cinema


Meu amigão-cinéfilo Vinícius Dias me deu um dos meus melhores presentes de formatura (ao lado do livro sobre John Ford que ganhei do Mestre Bebs e do vinil de trilhas de faroeste que ganhei do meu super-primo Iuri): o livro O clube do filme, de David Gilmour.
Antes que perguntem, não é o Gilmour do Pink Floyd e sim o Gilmour crítico de cinema canadense. O livro conta a experiência vivida por ele e seu filho Jesse. O negócio é o seguinte: Jesse larga a escola, porém terá que assistir junto com seu pai a três filmes por semana. Genial, não?!

Eu sempre odiei a escola. Não tenho vergonha disso. Ir para a aula era um verdadeiro martírio. Por mim, eu ficaria em casa lendo os livros que me dessem na telha e vendo filmes aos montes. E com o consentimento da minha mãe, que fique claro. Diferente de David Gilmour, minha mãe não teve a brilhante idéia de colocar essa coisa de Clube do filme em prática. Ela preferiu me guiar, dizendo que a escola era uma fase pela qual eu teria que passar. Afinal, se eu queria ser jornalista de verdade, teria que terminar o ensino básico primeiro, né?

E pra quem vai vir com aquele papo "onde já se viu tirar um guri da escola pra ver filme", eu já aviso: Jesse voltou aos bancos escolares por conta própria, fez um curta e estão em processo de pré-produção de seu primero longa. Reparem na fala do rapaz:

Antes eu escrevia uns poemas e letras de hip-hop, e foi o Clube do Filme que despertou meu interesse pelo cinema. O hip-hop é uma arte moribunda, vai desaparecer em breve. Mas o cinema vai viver para sempre.

Bravo!!

O livro tem uma linguagem ótima, sem contar a inúmeras citações de filmes. Sem contar o diálogo franco entre pai e filho sobre vida, garotas, drogas e, claro, cinema. É daquelas histórias que quando a última página chega, a gente sente vontade de voltar pra primeira.
E faz pensar. Quando os filhos nascerem, terei de ler outra vez. Se a tal genética existe, eles também vão odiar a escola.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Canto de garotas


Adoro vozes femininas desde que me entendo por gente. É como ouvir a melhor amiga cantando as coisas que a gente sente. É algo íntimo. Um cara ouvindo uma mulher cantar é uma coisa. Uma mulher ouvindo outra é algo muito mais delicado. A gente resmunga baixinho "...é, tu tem razão."
Fernanda Takai é uma das vozes que me acompanham sempre. Onde brilhem os olhos seus conseguiu a proeza de me fazer ouvir bossa nova. Não gosto só da voz dela: o estilo, as entrevistas, ela te desarma. Sem pose de estrela, apenas uma garota que canta. E muito bem. Seja junto com o Pato Fu ou em carreira solo, a voz de Fernanda me faz bem, aquieta o coração mesmo quando as canções são tristes, daquelas que deixam os olhos cinzas, como diz um amigo meu.

Procurem Luz negra nas melhores lojas. A capa, o som, a Fernanda...tudo vale a pena.

Bjus da Bia

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Trash


Sabe aquelas noites em que tu resolve colocar o primeiro filme que encontra pelo caminho pra rodar no aparelho de dvd? Pois é, ontem foi uma noite dessas para essa blogueira que vos escreve. Eis que caiu em minhas mãos Preso na escuridão. Western-Spaghetti. E como muitos filmes desse gênero lançados em dvd, a edição é tosca. Uma hora, o aúdio é em italiano, outra, em inglês. Fiquei bem tontinha. A gente ri da trama e pensa como deve ter sido divertido para Ferdinando Baldi( ele fez Viva Django! e conseguiu me fazer esquecer que o verdadeiro Django é o Franco Nero) dirigir uma história tão louca.
E o detalhe que faltava: o vilão é nada mais, nada menos que...Ringo Starr! Jesus, quase caí da cama! Gargalhei muito, quase não me reconheci. Minha amiga Thalita, se estivesse no recinto, diria: "logo tu que é chata pra cinema tá vendo essa coisa?". Queridos, tem hora que cansa e tudo que a gente deseja é um pacote de salgadinho e um filme barato. Simples assim.

Bom, hoje é o dia da desintoxicação. Lá vou eu curtir O franco-atirador, pela enésima vez na vida.

Bjus da Bia

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Os bons tempos estão de volta


Diablo Cody deve ter uma ligação direta com o meu cérebro. Depois de criar Juno, uma personagem que é quase idêntica a minha personalidade quando tinha 14 anos( tira a barriga e sou eu, pô!!)agora ela me aparece com um filme de terror que fez meu coraçãozinho bater em ritmo de saudade.
O trailer de Jennifer's Body me fez lembrar de um tempo muito feliz da minha vida: a descoberta do cinema de terror. Um época em que eu batia perna feito doida atrás das produções de Dario Argento, George Romero e William Castle. Sanguem, loucuras e diversão! Agora me aparece Diablo Cody contando a história de uma garota que, graças a um pacto com o diabo, é condenada e devorar garotos para poder sobreviver. Yeah!! É isso que eu queria ter escrito, meu deus! Enfim, um terror que não se leva a sério, mas que deve ser visto com atenção. Entretenimento de qualidade, cheio de referências pops e muito sangue falso. Na minha humilde opinião, é isso que falta pros filmes adolescentes de terror atuais: a maioria quer ser vista como filme de suspense quando na verdade o clichê está em toda parte. Sabe aquela coisa de "eu sei o que vai acontecer na próxima cena"? Isso é péssimo.

Tá na cara que muita gente vai achar Jennifer's Body cult. Aliás, cult me irrita. Qualquer coisa é cult. Antes desse pessoal cult sair por aí dizendo que o filme é cult demais, inovador, sensasional, etc...é bom dar uma olhada no acervo das locadoras. Tem uma pá de gente lá que já fez muito antes.

Aguardemos, senhores, a estreia do filme por essas bandas!

Bjua da Bia

domingo, 23 de agosto de 2009

Fox hot


Não, eu não assisti Transformers. Nem pretendo passar por essa experiência. Mas vamos combinar: Megan Fox é o cara! hehe

23 anos, linda de morrer e doente por histórias em quadrinhos, Megan tem uma característica que falta em muita starlet por aí: autenticidade. Ela não faz cara blasé, não se queixa do tédio de Hollywood( duvido que ele exista, aliás!) e não fica divagando sobre seus personagens. Tem coisa mais chata do que uma atriz procurando profundidade num personagem de besteirol? Seria muito mais legal chegar e dizer: olha, é uma comédia, não leve a sério. Tá lindo isso, sinceridade aos litros.

Daí vai chegar a corja, em coro: ela disse que é bi! Grande coisa! A vida é dela, a cama é dela, ela se deita com quem quiser. Pior é ser como umas por aí, famosas e anônimas, que ficam chocadas com uma notícia e lá no fundo suspiram de inveja. Me engana que eu gosto!

Megan Fox integra aquela minha famosa lista de "mulheres que admiro", que um dia talvez eu publique na íntegra nesse blog. Mas por enquanto, eu deixo a dica: se pra você, Megan Fox é mais uma gostosa polêmica, abra os olhos. Vai muito além disso.

Bjus da Bia

Cinema, tiros e TPM

Cinema é 50% filme e 50% estado de espírito. Quando se tem alguns anos de cinefilia pura, esses números mudam. Com o tempo a gente aprende a esquecer do mundo após entrar na sala escura. E é por isso que aprendemos a buscar nos filmes a cura para alguns dos nosso males.
Queridos leitores, essa é uma revelação chata, porém real: estou de TPM. Não me venham com explicações biológicas, acho isso uma chatice. Sei que esse período altera meus nervos e minhas escolhas, ainda mais quando o assunto é cinema. Mas como além de TPM também sofro com uma teimosia crônica, lá fui eu assistir Atirando para matar, um western de 2008.
Se você nunca assistiu um western, vai gostar de Atirando para matar. Ele tem cowboys com chapéus limpinhos, vilões que fazem beiço e um final sentimentalóide.O charme de Ernest Borgine até provoca sorrisos. Só não se assuste se logo depois você assistir Matar ou morrer e quase infartar. Filme boa faz isso na gente.
Assisti o filme inteiro e não gostei. Como a pulga que mora atrás da orelha de qualquer ser humano curioso começou a me morder, resolvi tirar a prova: será que eu não gostei porque não gostei ou porque estou de TPM??
Coloquei Rastros de ódio no aparelho de dvd. Chorei litros. É, eu não gostei mesmo de Atirando para matar.

Bjus da Bia

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pouca pólvora


Meu sexto sentido não só é porreta como me informa que está havendo um revival dos filmes faroeste. Discreto, mas melhor que nada. Depois da ótima refilmagem de Galante e Sanguinário, de Delmer Davies, alguns filmes que tem como pano de fundo o velho oeste estão surgindo. Ontem, assisti À procura da vingança. O filme tem dois bons protagonistas, Liam Neeson e Pierce Brosnan. Começa bem ( a cena onde Pierce tira uma bala do braço é ótima!), tem clima. Mas depois desanda. Uma mistureba que não me fez bem. Os créditos finais vieram acompanhadas daquela estranha sensação de que faltou alguma coisa. Não vou negar que as cenas de ação são muito bem acabadas, a iluminação de primeira. Mas o roteiro é fraco. Grandes imagens pra uma pequena história. Diverte, mas quem como eu já viu uma penca de westerns, deixa muito a desejar.
Espero que venham mais faroestes por aí. Sem cópias, apenas influenciados pelos grandes mestres do gênero. Afinal, tem uma penca de contos do Elmore Leonard que ainda não ganharam as telas e todo mundo, lá no fundo, já imaginou um duelo original numa rua deserta.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Menos é mais


Tenho um amigo que quer ser ator. Dias atrás, ele me mostrou um vídeo que fez junto com um amigo e o irmão. Um curta-metragem com um tema que me agrada: os ritos de passagem da adolescência. Algumas falas eram baseados no livro O Apanhador no campo de centeio, de J.d. Salinger(todo mundo tem que ler!). Gostei do cenário limpo, das tomadas, dos closes. Mas não pude deixar de reparar na interpretação do meu amiguinho. Forçada, caras e bocas, voz falsa. Não acreditei em nada que ele disse. Como eu sou sincera mas mamãe me deu educação, resolvi responder a pergunta "Que tu achou?" da seguinte forma: mostrei a ele Papillon, com Steve McQueen e Dustin Hoffman. Gestos sutis e precisos, falas que soam naturais, sofrimentos que aprecem reais, gritos "discretos" que mostram todo o sofrimento do personagem. Sutileza. Talento.
Não sei se meu amigo entendeu o recado, mas eu tentei. Não sou atriz, mas o cinema me ensinou que bons atores procuram na vida sua inspiração. O método do Actor's Studio até funciona. A cena da luva em Sindicato de ladrões, de Elia Kazan é a prova disso. Mas e James Dean brincando com a corda em Assim caminha a humanidade? Simples, banal, mágico.
Menos é mais. Dizem que funciona com moda e decoração. Eu diria que com interpretação, essa devia ser a regra maior.

Bjus da Bia

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Quando perde o significado


Certas coisas não envelhecem. Um bom quadro, um bom livro e um bom filme são bons não importa o ano em que foram feitos nem a idade quem os aprecia. Mas e quando perde o significado? Será que é porque é ruim? Pra mim, o negócio todo acontece é dentro da gente.
Vejam só: quando eu li Love Story, de Erich Segal, eu devia ter, no máximo, 13 anos. Encontrei o livro numa gaveta da estante da sala. Amarelado e com aquele cheiro de livro que já esteve em outras mãos. Resolvi dar uma olhada e acabei lendo o romance inteiro. Terminei a última página fungando. Tão lindo!! :) Daí bati perna que nem uma condenada pra conseguir o filme. Chorei um balde e meio. E solucei horrores!

Daí vem a vida e me dá uma surpresa embrulhada: a oportunidade de ler novamente Love Story. Não cheguei na página 10. Larguei e peguei meu O lobo do mar do Jack London, devorando 8 capítulos com vontade. Só parei porque o telefone tocou.

Love Story não me emociona mais. O filme ainda me proporciona uma certa diversão, mas não é como antes. Meu coração não fica mais apertado. Culpa do tempo. Love Story não significa mais pra mim. E eu adorei perceber isso. Assim como acontece com as pessoas que passam pela nossa vida, os livros e os filmes também perdem o significado e nos abrem caminhos para novas descobertas. Nada mais nos prende.

Confesso que tenho uma lista bem maior de filmes que significarão muito pra mim para sempre, mas é bom saber que algo que tanto nos fez sorrir no passado agora não passe de mais uma opção na locadora ou na prateleira.

Depois de tudo isso, lá fui eu assistir pela enésima vez Tarde demais para esquecer. Esse não perde o significado nunca. E sempre me faz chorar na cena final.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dear Henry


Meu avô me ensinava nome de atores quando eu era pequena. Fazia isso com aquela cara de gãngster que só ele sabe fazer. É o cara! Um dos nomes que ele pronunciava com grande admiração era o de Henry Fonda. Não sei se a culpa é dele, mas foi nessa época que desenvolvi minha primeira paixão platônico-cinematográfica. Mr. Technicolor( sim, esse era o apelido dele!) me fazia suspirar quando aparecia em Ao rufar dos tambores ou quando fala com firmeza em 12 homens e uma sentença(love, love, love!!).
Acho que era o porte nobre ou os olhos azuis cheios de significado dele. Lindo, talentoso, conquistou o coração dessa criatura que vos escreve quando ela ainda era uma garotinha. E, tenho que confessar, ainda o faz disparar quando aparece na tela.
O primeiro amor a gente nunca esquece.

bJUS DA bIA

Noites em claro


Não ando dormindo bem. E não estou me queixando, não! Passo as madrugadas lendo e vendo filmes. Ou então recortando e escrevendo. Deve ser isso que chamam de ócio criativo: sou uma jornalista desempregada ajeitando o seu mundo. Nos últimos meses de faculdade, esqueci um pouco a minha bagunça. Senti até pena do meu quarto: dvds fora de ordem( por diretor, que eu sou chataaaa!), cds por todos os cantos, livros tortinhos na estante. Aliás, preciso de uma estante nova. Mas isso só quando a grana aparecer.
O bom dessas noites em claro é que tu passa a prestar atenção no que, a pouco tempo, parecia coisa boba. Os vinis que tu escutava sempre com uma camadinha de poeira. Sinal de que é preciso colocar os ouvidos no lugar. Os livros que tu separou para ler ficando amarelados(até ontem, eles eram branquinhos e ainda tinha a etiqueta da Livraria Cultura. As roupas que tu comprou e esqueceu de tirar a etiqueta( Minha jaqueta xadrez, como eu pude esquecer??) Sem contar que parece que saltam histórias das paredes. Como eu não reparei que isso daria um conto??
Enfim, enquanto de dia eu ando por aí de olheira procurando emprego, de noite é que trabalho pesado. É a vida...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Livros de bolsa


Eu amo bolsas. Mas se tem uma coisa que assola meu lado consumista são livros. Sair cheia de sacolas de uma livraria me faz sorrir horas, dias, meses. Ontem a noite, pela primeira vez, prestei atenção num hábito que adquiri ainda na infância: carregar sempre um livro na bolsa.
Era pequena e como tinha sérias dificuldades em parar quieta quando era preciso esperar ônibus ou consulta médica, minha mãe lembrava de levar um livro na bolsa. Santo remédio! Cultivo o hábito até hoje. Nos últimos dias, quando frequentei mais do que gostaria os corredores de um hospital, Jane Austen me acompanhou, assim como Jeffrey Eugenides. Estavam ali, dividindo espaço com dinheiro, tic-tacs, batons e óculos.
Não sei se o futuro me reserva um filho ou uma filha. Mas pretendo ensiná-los que um bom livro é como casaquinho: sempre é bom levar junto.