quinta-feira, 26 de julho de 2012

Crime no escuro

Olá amiguinhos, tudo bem? Andei sumida porque uma tal de vida louca vida tomou conta. Mas não pensem que esqueci dos filmes. Até porque, não tem como esquecer, eles fazem parte da minha vida, algo que não sei viver sem. Logo, não posso deixar passar em branco a tragédia em Aurora, no Colorado, onde um jovem matou 12 pessoas que estavam na plateia. Lembra muito o caso do estudante de medicina Mateus da Costa Meira que atirou contra o público de um cinema do Morumbi Shopping, em São Paulo, em 1999, durante uma exibição do filme Clube da Luta. Christopher Nolan, diretor de Batman, - O cavaleiro das trevas ressurge, filme que estava sendo exibido duranta a tragédia, se manifestou dizendo que o cinema é um templo sagrado para ele, um lugar para sonhar e não para cometer crimes. Concordo com ele. Cinema é um lugar mágico, onde vamos libertar nossos desejos, ver e torcer por nossos heróis e deixar a emoção falar mais alto. Nunca esperamos que um maluco apareça e aponte uma arma para a nossa cabeça. Mas nem todo mundo está preparado para desfrutar da catarse.Ver a morte no cinema nos faz um pouco assassinos. Mas há quem não se contente em apenas "viver na tela" e acha que deve transformar a vida real no mais apavorante filme de terror. As vítimas vão pagar com um medo eterno da sala escura. Porém, tenho esperança que a magia do cinema impere e não afaste os sobreviventes dos cinemas. O diretor americano Nicholas Ray dizia que o cinema é a melodia do olhar. Vamos nos deixar embalar. Em paz. Bjus da Bia

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Bowie no oeste


Homenagear um gênero pode ser um perigo. Isso porque valer-se das regras que ditam um estilo cinematográfico pode render tanto um filme inovador quanto uma sequência de cenas nostálgicas recheadas de referências que surgem do nada, onde o único objetivo e mexer com a memória dos fãs que não conseguem esconder a alegria diante de uma citação ou de um diálogo no melhor estilo “já vi isso antes”. Dentro do gênero western, estas homenagens já presentearam o público com obras-primas como Os Imperdoáveis, de Clint Eastwood e também com tramas que beiram o ridículo como À Procura da Vingança, de David Von Ancken.
Duelo de Forasteiros, produção de 2007 roteirizada, dirigida e protagonizada pelo italiano Giovanni Veronesi, do romântico As idades do amor, é um exemplo único de uma homenagem que deu certo e também não deu. Vou explicar. Lançado diretamente em DVD no mercado brasileiro, Duelo de Forasteiros tem como principal objetivo honrar os tempos áureos do faroeste no cinema europeu. Misturando a nuance indígena presente nos westerns americanos, em especial os do final da década de 60, com o humor nonsense dos bang-bangs italianos, Veronesi cria uma trama narrada por um menino mestiço que precisa lidar com as mudanças trazidas pela chegada de seu avô paterno, o pistoleiro Johnny Lowen. Interpretado com carisma por Harvey Keitel, Lowen cansou de fugir dos inimigos e resolve tentar uma vida mais pacata se reaproximando do filho, o pacífico Doctor, vivido por Veronesi, que abandonou ainda bebê. Tudo estaria na mais perfeita harmonia entre o ex- fora da lei não fosse a chegada de Jack Sikora, um forasteiro que só pensa em uma coisa: acabar com a raça de Lowen. Olhando assim, é mais um roteiro simples, onde a chegada do vilão acaba com o clima família. Mas Duelo de Forasteiros não tem apenas um vilão. Tem David Bowie.
Bowie, que adora dar as caras na telona, está impecável como Sikora e é responsável pelas melhores cenas do filme. O visual moderno de sua gangue e seu jeito sádico promovem momentos divertidos e cheios de ação, algo que, antes de sua chegada na história, o filme não apresentava. A presença de Bowie confere um novo gás ao filme, chegando a interferir na trilha sonora. Os sons à lá Morricone dão lugar a melodias que mais parecem terem sido compostas para filmes de gângsters. O oeste tradicional, com seus índios e pistoleiros, dá lugar a um confronto fora dos padrões onde até o tradicionalíssimo duelo ao pôr-do-sol é substituído por um embate nada convencional. Só vendo para entender.
Giovanni Veronesi não conseguiu com Duelo de Forasteiros entrar para história do gênero. Longe disso, já que o filme peca pelo excesso de pieguice e pelo roteiro travado. Mas o filme é um belo exemplo de como presença de um ícone pop talentoso pode mudar os rumos de uma história. Bowie, apesar de ser o mal em pessoa, é quem salva o dia.

Bjus da Bia

domingo, 8 de janeiro de 2012

I love Muppets


Minha relação com os Muppets vem de longa data. Eu devia ter pouco mais de 4 anos quando assisti ao primeiro longa-metragem da trupe, Muppets – O filme, de 1979, que mostrava, por meio de um filme dirigido por Caco, como os amigos se conheceram e conquistaram o sucesso em Hollywood. Fiquei completamente apaixonada. Na sequência, vieram Os Muppets conquistam Nova York e Os Muppets no espaço. Perdi a conta de quantas vezes chorei litros com a cena onde a Piggy é atropelada ou ri das piadas sem graça do Fozzie. Logo, a ansiedade se instalou quando começaram as notícias de que um novo filme dos Muppets estava a caminho. Mais isso foi só o começo de uma estrada turbulenta para esta fã.
A primeira coisa que me deixou com a pulga atrás da orelha foi o fato da mudança de nome do sapo mais charmoso do mundo, o Caco. Agora ele não era mais Caco, mas Kermit, nome original do personagem. A mudança foi feita para universalizar o personagem, já que agora os direitos de uso da marca Muppets é dos estúdios Disney. Pra não ter que nomear o sapinho com um nome diferente em cada canto do mundo, é Kermit e ponto. Nesse ponto, sou avessa as mudanças. Pra mim, ele é e sempre será o Caco. Antes mesmo do filme chegar aos cinemas, fiquei pensando como seria sem graça não ouvir mais a Piggy dizer, toda manhosa: “Oh, Caco!”. Um certo medinho bateu na minha porta. Será que eu ia me decepcionar? O estilo nonsense, engraçado e pop dos Muppets não ia se perder nas mãos da politicamente correta Disney? Dúvidas, dúvidas. Elas faziam mais barulho em mim que as galinhas do Gonzo.
Até que chegou o grande dia. Um frio na barriga me acompanhou durante toda a fila de espera para entrar na sala escura. Escolhi assistir a versão legendada de Os Muppets, com medo da versão dublada ter vozes muitos diferentes das que animaram minha infância. Áudio original talvez amenizasse um pouco a minha decepção. Sentei na poltrona apreensiva. Não queria um filme bobinho sobre bonequinhos dos ano 70. Queria ver um longa que apresentasse para a nova geração quem são os Muppets e matar a saudade de quem cresceu junto com eles. Queriam um tributo com um pé no futuro. Afinal, se eles voltaram, foi pra ficar não é? Mil pensamentos que só silenciaram quando as luzes foram apagadas. Seja o que Deus quiser, pensei.
Não fiquei decepcionada. Muito pelo contrário! Foi incrível ouvir novamente a canção indicada ao Oscar de Caco, opa, Kermit sobre o arco-íris e seus sonhadores. Ver Miss Piggy largando a porrada em Jack Black me divertiu horrores. Os velhos rabugentos não foram deixados de lado e até a banda mais legal do mundo, a Electric Mayhem estava lá. Confesso, foi criativo mostrar os integrantes dos Muppets meio falidos, caídos no esquecimento, tentando a todo custo viver de um passado que poucos lembram. As participações especiais, marca registrada dos programas de TV e filmes dos Muppets, deixaram a desejar. Convenhamos que Selena Gomez não é o tipo de rosto que a gente imagina ao lado de bonecos como o Animal e sua bateria endiabrada. Os atores Amy Adams e Chris Cooper, pra variar, estão péssimos. Caricatos, com caras e bocas que não convencem nem um bebê de seis meses. Mas as atuações chinfrins são compensadas por quem realmente interessa, o protagonista quem importa. Caco (dane-se, pra mim ele é Caco!) e Piggy estão lá, vivendo às turras e aos beijos, como sempre. E com suas cenas em Os Muppets, mereciam entrar pra listas de melhores casais do cinema de 2011.
A nostalgia é o grande trunfo do filme. Ao criar um personagem que é o maior fã dos Muppets, o Walter, os produtores nos colocaram na tela. Nós, fãs dos Muppets, nos identificamos com o pequeno e ingênuo Walter, que acha que é possível fazer os Muppets voltarem aos holofotes. Seus diálogos dizem tudo que nós queríamos dizer. Os Muppets são os melhores. A choradeira foi inevitável, mas foi de alegria. A Disney não destruí a essência dos Muppets. Quem venha o próximo longa. E que os antigos não acumulem mais pó nas prateleiras das locadoras.

Bjus da Bia

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Tiro certeiro


Você se lembra dos primeiros filmes da sua vida? Mesmo que o título e o nome do diretor não surjam de primeira, nossas primeiras experiências cinematográficas costumam deixar marcas profundas. A força das primeiras produções que nossos olhos assistem é tão grande que, por mais que o tempo modifique nosso modo de ver o mundo, os primeiros heróis e planos se fazem presente. O diretor texano Robert Rodriguez é um bom exemplo disso. Entre seus filmes favoritos estão clássicos dos filmes de ação, filmes baratos com interpretações duvidosas e uma trama que abre espaço para tiros e sangue a cada segundo. Essas produções tinham presença garantida na tela da TV no final dos anos 80 e início dos 90. Chuck Norris, Sonny Chiba, Bruce Lee e Jean-Claude Van Damme são alguns dos nomes da época. Se você tem menos de 20 anos talvez não faça idéia de quem eles são. Mas com certeza você conhece Machete.
Lançado em 2010, Machete é parte de um projeto de Robert Rodriguez de homenagear o cinema trash que animou sua adolescência. Se valendo dos clichês que sustentam 10 em cada 10 filmes de ação americanos, o diretor trouxe para tela o ator e amigo Danny Trejo para o papel-título. Em tempo: o personagem já havia aparecido em outros filmes do diretor, como os da série infantil Pequenos Espiões, que ganhou quatro sequências e também em Planeta Terror, onde Rodriguez dividiu a direção com outro amante dos filmes baratos, Quentin Tarantino.
O protagonista é um ex-federal bom de briga, de tiro e de faca que é contratado para matar um senador que tem o projeto de cercar a fronteira americana com cercas elétricas para impedir a entrada de imigrantes mexicanos ilegais. Mas ao invés de concluir seu trabalho, Machete é usado como bode expiatório e acaba perseguido por Torrez, um poderoso traficante que, no passado, havia assassinado a mulher de Machete. Torrez é interpretado por um nome brilhante do cinema de ação trash, Steven Seagal, que desde 2002 não dava as caras na telona. Machete, mesmo cheio de habilidades, contará com duas belas ajudas: a fiscal de imigração com o sugestivo nome de Sartana, uma clara referência a um dos mais famosos personagens do gênero western-spaghetti, vivida por Jessica Alba e Luz,uma mexicana boa de briga interpretada pela linda Michelle Rodriguez.
Cenas surreais, mulheres sensuais, muito sangue, armas poderosas e uma única ordem: não se levar a sério. Rodriguez, ao contrário de muitos diretores, não está interessado em pretensão ou obra de arte. Ele quer apenas fazer filmes divertidos. E consegue. Afinal, não é todo dia que a encrenqueira Lindsay Lohan dá as caras vestida de freira e portando um revólver. Imagens que você só verá num filme de Rodriguez. E antes que alguém venha com cinco pedras na mão dizer que Machete é perda de tempo, eu já aviso: uma das principais funções do cinema é a diversão. E diversão não exige cara de intelectual e diálogos complexos. Relaxe, amigo. Machete tem tudo que nos move desde os tempos das cavernas. Ou da Sessão das Dez.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mudando de pele

Dando sequência ao momento Almodóvar...

Imagine que você vai morar numa casa estranha, com hábitos muito diferentes dos seus. Você não se sente confortável, mas é a única saída. A porta está trancada e você não tem como escapar. O jeito é se adaptar e arquitetar um plano de fuga. Mas mesmo que você vá embora, nada será como antes. É essa extrema claustrofobia que faz de A Pele que Habito, de Pedro Almodóvar um filme único, apesar das inúmeras referências.

Como bom cinéfilo que é, Almodóvar foi buscar em seus filmes preferidos detalhes para construir a história de A Pele que Habito. Mesmo que o cartaz do filme informe que a produção é inspirada no livro Tarântula, do escritor francês Thierry Jonquet, não há como negar a presença de dois clássicos do cinema de terror dentro da trama: A Noiva do Frankenstein, de James Whale e Os Olhos sem Rosto, de Georges Franju. Da ótima sequência do clássico Frankenstein, de 1931, estrelada pelo sempre assustador Boris Karloff o diretor espanhol trouxe a exuberância das imagens de corpos sendo moldados, construídos e desconstruídos. Já do filme francês, lançado em 1960, Almodóvar buscou o desespero psicológico angustiante, um terror sem sustos nos corredores. Com essa mistura ousada, A Pele que Habito resulta num filme de terror que nos dá medo por suas situações e não por seus monstros. A “aberração” que nos é apresentada pelo protagonista passa longe da feiúra, é delicada e feminina. Um “monstro” que, ao invés de provocar arrepios, nos clama misericórdia.
Fazer uma sinopse mais profunda de A Pele que Habito seria estragar a surpresa e o ápice do filme que, em seus longos flashbacks, nos apresenta a jornada que transformou o cirurgião Roberto Ledgard em um homem obcecado por vingar o suposto estupro da filha. Mas será apenas vingança ou há por trás do renomado médico um cientista louco escondido?
A Pele que Habito é um marco na carreira de Almodóvar que, mesmo sem perder o estilo excêntrico herdado pela Movida Madrileña, movimento cultural onde ele iniciou sua vida de cineasta, ganhou uma elegância que filmes como De Salto Alto e Kika não apresentam. Um Almodóvar maduro, mas fiel às suas raízes loucas e entorpecidas dos anos 80.
Medo, ciência, loucura, voyerismo. Tudo isso se mistura criando um DNA único. Não é preciso mais o vermelho-sangue nos figurinos e nos cenários. O que faz A Pele que Habito ser Almodóvar até a última gota são os detalhes.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Desgraça pouca é bobagem


Filmes que têm como protagonista uma mulher sofrida, submissa e com sérios problemas familiares existem aos montes. São a terapia de muitas donas de casa, que se identificam de imediato com aquela vidinha repetitiva e vislumbram nos finais felizes presentes na maioria das produções uma esperança que o dia-a-dia não lhes dá. Mas e quando não há o happy end, ou pelo menos não o clássico, com sorrisos, reconciliação ou um recomeço cheio de alegrias? Bom, aí não há como fugir. O bicho pega. Muitos irão sair da sala de exibição, desligar a TV, tirar um cochilo que vai durar até os créditos finais. Mas também vão ter os que encaram o desafio até o final. Para esse grupo de corajosos é que são feitos filmes como Que fiz eu para merecer isto?, do espanhol Pedro Almodóvar.
A trama, para não fugir ao estilo almodovariano, é excêntrica: a protagonista Glória mora num minúsculo apartamento nos subúrbio de Madrid acompanhada do marido, da sogra e de dois filhos. Até aí, tudo normal. Mas é nos detalhes que o estilo Almodóvar se mostra. Glória tem todos os motivos do mundo para ser infeliz. O marido, além de grosseiro e falsário, alimenta uma paixão por uma cantora alemã. A sogra vive num mundo á parte, onde “esquece” sua diabetes bebendo água com gás e comendo bolinhos, além de criar um lagarto com o cômico nome de Dinheiro, algo muito em falta na vida da família. Entre uma camisa para passar e um jantar para preparar, Gloria ainda tem de lidar com dois rebentos, digamos, únicos: um traficante de heroína de apenas 14 anos e um homossexual que ganha a vida “brincando” com homens mais velhos. Nessa confusão de criaturas complicadas Gloria leva seus dias cinzas e chuvosos como o outono madrilenho.
Com todos os elementos para ser um melodrama, Que fiz eu para merecer isto? marca uma das primeiras mudanças na carreira do espanhol Pedro Almodóvar. Depois de iniciar sua carreira com produções no formato super-8 e 16mm durante a fervilhante Movida Madrileña, um movimento contracultural que movimentou artistas de todas as áreas após anos de ditadura franquista. Era um tempo de libertação e o diretor entrou no clima e tornou-se um dos símbolos do movimento. Sem dinheiro para estudar cinema, Almodóvar valeu-se deste período para aprender fazendo. Produções como Pepi, Luci, Bom e outras garotas de montão e Labirinto de paixões são coloridas e passionais ao estremo, um Almodóvar em estado bruto. A partir de 1983, com o lançamento de seu terceiro longa, Maus Hábitos, a pedra preciosa Almodóvar começa a ser lapidada. Um ano depois, em 1984, um novo ambiente se forma e Que fiz eu para merecer isto? surge. Influências estão em toda parte, sem vergonha nenhuma. Afinal, Almodóvar é antes de tudo um cinéfilo incurável e eclético. Mesmo que o clima suburbano de Madrid seja a marca registrada do filme, há toques de neo-realismo italiano, acentuados pelas atuações brilhantes e verdadeiras de nomes como Carmem Maura e Chuz Lampreave, conhecidas do teatro espanhol.
Que fiz eu para merecer isto?, num primeiro olhar, é uma comédia. Não há como não rir dos diálogos insólitos entre Glória e sua amiga Cristal, uma prostituta aspirante a estrela de cinema. Mas, entre uma risada e outra, nos perguntamos como é possível achar graça de uma realidade tão dura e que a cada quadro se mostra mais difícil de superar? É isto que faz de Almodóvar um diretor ímpar, sua capacidade de criar comédia num ambiente de tragédia e, ainda assim, emocionar. Glória não é tão boba quanto parece. O problema é que toda vez que ela tenta alcançar a felicidade ou algo que lembre isto, a coisa desanda. Tenta trair o marido em busca do tão sonhado prazer e o escolhido é impotente. Arruma um emprego e o patrão não tem um tostão. Briga com o marido e acaba cometendo um crime. Ah, o crime! Almodóvar gosta tanto dele quanto Hitchcock e, assim como o mestre do suspense, faz dele a situação menos importante do filme. Não é o cadáver que importa, é como este cadáver virou um cadáver. Ou como ninguém vai descobrir que ele virou um cadáver.
Glória, um nome cintilante para uma mulher opaca. Mais um daqueles paradoxos que, na mão de um diretor medíocre, soariam caricatos. E são, mas uma caricatura almodovariana tem um peso diferente. É tudo tão absurdo que parece a vida. Que fiz eu para merecer isto? é uma comédia com uma desgraça atrás da outra. É de se pensar: e se o final fosse diferente? E se, na beirada da sacada, Glória tivesse tomado outra decisão? Mas Almodóvar não quer perguntas. Nem respostas. Quer apenas contar histórias. Ótimas histórias. O que fizemos nós para merecermos um filme tão bom?

Bjus da Bia

sábado, 26 de novembro de 2011

A crítica e o sentimento

Para a maioria da população, ser crítico de cinema é muito fácil. Você assiste filmes de graça, ganha brindes, escreve qualquer coisinha e deu. Foi. Nunca pensei assim e minha ideia só se acentuou quando comecei a me arriscar a escrever críticas. Deixando minha falta de experiência de lado, a cada dia que passa cada texto vira um parto. No início, e tenho certeza que por culpa da empolgação, você é exagerado, escreve com muitos adjetivos, repete adjetivos, aliás, e acaba criando um texto que mais parece uma declaração de amor. Ou de ódio.
Depois de algumas dicas e textos, você descobre que, como tudo na vida, o bom tom está no equilíbrio. Tá bom, são permitidos alguns deslizes, já que alguns filmes tocam tão fundo em nossos sentimetnos que não há outra saída. Mas mesmo nessas horas, é preciso parar, pensar e colocar no papel. O leitor não tem bola de cristal, é bem provável que não tenha visto o filme. Por isso, uma breve sinopse se faz necessária. Odeio sinopse. Odeio mesmo. É o resumo, do resumo, do resumo. Mas tem muita sinopse por aí que pensa que é crítica.

Escrevo este texto porque, dada a minha paixão pelo cinema, escrever sobre filmes para mim é algo sério. Tenho muiiiiiiiiiiiitooooooo que aprender ainda, estou no início do caminho. Mas desde já prezo o respeito ao leitor, me dando a liberdade de elogiar e falar mal, sempre com argumentos. Talvez um dia, quando eu souber um pouco sobre cinema, meus textos sejam do jeito que eu sonhei que eles deviam ser. E aí eu entro em crise denovo. A tal perfeição a gente não deve alcançar nunca. É ela que move nosso trabalho. E nossa vida.

Estou aprendendo a equilibrar crítica e sentimento cinéfilo. Afinal, texto técnico cansa qualquer um e rasgação de seda torra a paciência até de um monge. Vamos que vamos, aqui ou ali, escrevendo, errando e aprendendo.

Bjus da Bia

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A poeira apaixonante


Sou cinéfila desde que me entendo por gente, já que fui criada num ambiente onde o cinema era assunto sério, discutido em todos os cantos da casa. Com tantas opiniões e sugestões ao meu redor, acabei por não conseguir me decidir por apenas um gênero cinematográfico para chamar de preferido. Eu tenho é uma lista de amores em diferentes intensidades. Mas talvez o que ocupe um lugar especial no meu coração seja o faroeste. E a culpa disso é toda da obra-prima Era Uma Vez no Oeste, do diretor italiano Sergio Leone.
Famoso por ser diretor assistente em vários filmes épicos (Quo Vadis talvez seja o nome mais significativo dessa fase do diretor), Leone ganhou o público e a crítica quando foi pra "cozinha" e misturou uma colher de comédia bem ao gosto italiano, uma pitada extra de violência e uma boa dose do velho oeste americano. O resultado foi o western-spaghetti, gênero que surgiu an italia e se espalhou por toda a europa nos anos 60. Os filmes do western-spaghetti iam ao extremo, com heróis cheios de caras e bocas e muitos tiros que mais pareciam assobios de tão agudos. Com uma produção farta (foram mais 200 longas só em 66!), o gênero acabou repetindo fórmulas e dando aos fãs uma boa quantidade de filmes fracos e, em alguns casos, toscos. Mas no meio disso tudo surgiu Era Uma Vez no Oeste, um filme de Leone que pode e não pode ser considerado um western-spaghetti, tão grande é a sua singularidade.
Antes de mais nada, o longa é um faroeste de primeira linha. Roteiro inteligente, personagens bem estruturados e misteriosos e cenários que tiram o fôlego. Mas o diferencial está na maneira como tudo isso é mostrado. Leone abusou como nunca dos closes nos atores (sua marca registrada) e criou um dos vilões mais malvados que a sétima arte já viu. Não há espaço para piedade ou bons mentos escondidos no personagem Frank, interpretado com maestria pelo sempre elegante Henry Fonda. Franka está na cola do homem da gaita, vivido por Charles Bronson que, como todo bom caubói, fala pouco e atira muito. Aliás, as cenas de violência presentes em Era Uma Vez no Oeste causaram furor na época do lançamento do filme. Mesmo que o motes principais dos faroestes, sejam eles americanos ou não, são os duelos e os desejos de vingança, nunca antes a tela grnade havia visto tantos assassinatos e bandidos sem nenhum escrúpulo. Mas como para tudo é preciso equilíbrio, os roteiristas Dario Argento e Bernardo Bertolucci trataram de incluir nesse tiroteio todo um pouco de charme feminino. Mas não é qualquer charme. A bela Claudia Cardinale vive uma bela viúva que esconde um passado nada comportado em seus olhos delicados. Por mais que as femme fatales existissem desde os ano 40 no universo do cinema, não era comum a mocinha de um faroeste ir para a cama com o bandido.
Para completar a receita de um bom filme ao sugo, Leone chamou para a trilha sonora seu parceiro Ennio Morricone, responsável por eternizar na mente de muitos cinéfilos melodias que lembram a poeira do oeste. A música, aliás, é mais um personagem dentro do filme. Em momentos de tensão, ela acentua ainda mais o clima pesado, quente e modorrento que paira no ar.
Mesmo quem torce o nariz para filmes de faroeste, sob o pretexto de que são todos iguais, deve dar uma chance para Era Uma Vez no Oeste. Mais do que um bang-bang, o filme de Sergio Leone é uma aula de cinema.

Película Sonora

Meus caros amiguinhos, podem começar as pedradas por causa do meu sumiço. Sumi porque muita coisa aocnteceu, sonhos se realizaram, desafios bateram na porta e eu convidei pra um café bem quente. É só o início de uma jornada que, tenho certeza, vai me trazer alegrias até na hora dos perrengues. Enquanto isso, de 15 em 15 dias, vocês podem curtir minhas ideias de cinema na coluna Película Sonora, do Caderno Teen do jornal A Razão, cuidado com muito talento pela jornalista Luísa Kanaan.

Bjus da Bia

domingo, 18 de setembro de 2011

Fazendo Arte

As coisas da Bia agora estão no site do programa Fazendo Arte da Rádio Universidade (800 AM). Toda sexta-feira, essa Bia que vos fala vai indicar um filme bacana para você curtir no fim de semana ou quando quiser! É só acessar www.ufsm.br/fazendoarte ese divertir :)))

Bjus da Bia

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Renegado impiedoso


Se esse blog resolvesse fazer uma série de posts sobre diretores injustiçados, vocês, caros leitores, iam cansar as vista tal o tamanho da turma que trabalhou bem e não foi reconhecido. E eu não estou falando só de não ter recebido Oscar ou integrar listas importantes. Falo de não ser lembrado, que é o tipo de rejeição que mais dói. São muitos os nomes, mas um em especial me perturba seriamente.
O americano John Sturges nunca foi um cineasta autoral e podia sem problemas ser enquadrado como um diretor de filmes por encomenda, ou seja, o estúdio comprava os direitos do roteiro, o escalava e ele dirigia. Assim, prático e sem grandes aspirações artísticas. O que não quer dizer que a Sturges não tivesse dedicação e esmero em seu trabalho. Cada frame era extremamente estudado, fotografia impecável e uma direção de atores que muitos mestres não possuem.

Indicado ao Oscar apenas uma vez, pelo suspense Conspiração do Silêncio, há pouca informação sobre John Sturges disponível em livros e mesmo na internet ele ainda é um desconhecido em muitos sites sobre cinema. É a velha história do filme que se sobrepõe ao diretor, já que Sturges nos deu obras incríveis como Fugindo do Inferno, A Águia Pousou, Sete Homens e um Destino e Sem Lei e Sem Alma, filmes que marcaram o gênero de guerra e o faroeste. E aí está mais um motivo para Sturges ser pouco ou quase nunca lembrado: seus filmes não eram revolucionários, não mudaram a história do cinema mas estão presentes na lembrança de muitos admiradores da sétima arte por serem bem acabados, divestidos e empolgantes, características que os críticos mais blasés e chatos não costumam levar muito em conta. Uma boa amostra disso foram as críticas pesadas em cima de Sete homens e um destino, uma adaptação de Os Sete Samurais, antes mesmo de seu lançamento. Os mais tradicionais acharam quase uma ofensa trazer a obra única de Akira Kurosawa para um cenário tipicamente americano como é o velho oeste. Quem pensou assim esqueceu que entre as influências de Kurosawa está o grande nome do faroeste John Ford. Ou seja, samurai pode sim dar uma volta na poeira ianque. Sturges não se deixou influenciar e fez seu filme tornar-se único: não é nem melhor nem pior que o de Kurosawa. É diferente, apesar das semelhanças.
John Sturges era um trabalhador do cinema. Cumpria prazos, não dava chilique e mantinha um clima de harmonia entre seus atores. Chegou,inclusive, a aumentar uma cena de perseguição de moto a pedido do amigo e astro Steve McQueen. O resultado foi uma das melhores cenas de fuga que o cinema já viu. E a prova de que nem só de rixas e desentendimentos se faz um bom filme.

Renegado Impiedoso é o nome de um western indígena protagonizado por Charles Bronson, um outro amigão de Sturges. Não foi dirigido por ele, mas o título cai como uma luva para definí-lo. Um diretor sem medo da labuta, mesmo que pouco lembrado. E mesmo que ele não tivesse feito nenhuma película marcante, só por isso já mereceria nosso aplauso.

domingo, 28 de agosto de 2011

A guerra de Billy


Diga o nome Billy Wilder numa roda de cinéfilos e será inevitável: o centro das atenções será o senso de humor desse diretor polonês que conquistou Hollywood em plena sua década de ouro. Responsável pelo roteiro e direção de Quanto mais quente melhor,considerada a melhor comédia de todos os tempos, segundo o American Film Institute, Billy Wilder gostava de dizer que era um diretor de comédias mas, como a maioria de seus contemporâneos, passeou por vários gêneros. Drama familiar com Farrapo Humano, inaugurou o cinema noir com Pacto de Sangue e deu um show de direção em Testemunha de acusação, um dos melhores filmes de tribunal já feitos. Mas nem só de cotidiano vivia Wilder. A guerra, esse tema tão pesado e controverso, também deu suas caras na obra do diretor. E não foi só uma vez.

Em Inferno n° 17, Wilder narra a trajetória dos prisioneiros de num campo de concentração alemão durante a Segunda Guerra. Poderia ser mais um filme sobre soldados americanos sofrendo nas mãos dos seguidores de Hitler, mas Wilder acrescentou o seu tempero na trama. E foi uma colher bem generosa.
Protagonizado por William Holden e com uma participação muito especial do diretor Otto Preminger, que, assim como Wilder, também deixou seu país de origem, a Áustria, para trabalhar nos EUA, no papel de um general alemão atrapalhado. Aliás, só em um filme de Wilder um general alemão seria atrapalhado. Mas ele vai além e coloca, entre uma sequência séria e outra, verdadeiros esquetes de humor recheados da fina ironia típica dos diálogos de Wilder. Ironia essa que ajuda a equilibrar o amargo tema central do filme: a traição em tempos de guerra. Uma das melhores cenas do longa de 1953 é a de um baile de natal improvisado, onde os prisioneiros deixam o preconceito de lado e formam duplas pra lá de animadas para dançar.
Depois de acomodar sua câmera entre os beliches apertados de um campo de concentração, Billy Wilder resolveu ir mais longe e focar seu olhar ácido para o Marechal Rommel e seu plano de destruir o exército britânico.

Cinco Covas no Egito nos apresenta a história do cabo inglês John Bramble que, após ver seus colegas de batalha serem mortos no confronto com os alemães, acaba encontrando refúgio em um hotel em pleno deserto. Tudo estaria bem se não fosse a chegada de Rommel e sua comitiva, que transforma o local em quartel general. Para escapar, Bramble assume o lugar de Davos, o garçom do hotel. O que ele não esperava era que o empregado fosse um informate do exército alemão.
O tema é complicado, afinal, trata-se de um dos períodos mais violentos da 2ª Guerra Mundial. Mas Wilder imprime em cada fala, cada cena, um pouco de sua visão irônica, transformando o temido Rommel em um homem carrancudo e vaidoso, personagem que cai como uma luva no ator e diretor Erich von Stroheim. E mesmo em momentos dramáticos, como os interpretados por Anne Baxter, que vive uma francesa que tenta a todo custo tirar o irmão mais novo do campo de batalha, encontramos a presença do humor. Não um humor rasgado, com piadas prontas típicas dos pastelões. Mas um humor sutil, presente nas palavras e nas entonações e que não soa forçado em nenhum momento. Mais que aliviar o clima tenso, os pequenos deboches servem para conduzir a trama com mais veracidade, já que nenhum mundo é feito só de sofrimento.
Billi Wilder será sempre o homem das boas comédias. Não aquelas que nos fazem gargalhar até ficarmos vermelhos, mas aquelas que nos fazer rir com o canto da boca, no melhor estilo "é, é bem assim mesmpo". Cinco Covas no Egito é uma amostra do olhar de Wilder para com o mundo: um filme de guerra, sofrido como todo filme de guerra, mas dotado daquele sorriso assustador que o lado negro sempre insiste em manter firme.
Bjus irônicos da Bia


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Gosto de tabaco


Meu avô fumou do 14 aos 68 anos. Ou seja, cresci cercada de fumaça,conhecia praticamente todas as marcas de cigarro e o cowboy da Malboro talvez tenha sido um dos meus primeiros amores westerns. Sei que fumar faz muito mal a saúde e nunca senti a mínima vontade de experimentar uma tragada. Aliás, só de sentir o cheiro já me embrulha o estômago. Deve ser por isso que só me sinto a vontade com fumantes dentro da sala escura. E não estou falando de cinemas onde vale tudo. Eu gosto é de crivos acessos na tela grande.
O filme noir não seria tão noir sem a fumaça surgindo da ponta das piteiras das femme fatales ou próximos aos lábios dos rapazes charmosos. Bogart que o diga! Fez multidões se iniciarem no mundo do fumo e deixou esse mundo em decorrência de um câncer de pulmão. Escritores, suas máquinas de escrever...e seus cigarros. O jovem transviado, sua máquina potente...e seu cigarrinho combinando com a jaqueta de couro vermelha. Cigarro e cinema andam juntos faz tempo. Mas nenhum filme tem tanta nicotina quando Cortina de fumaça.A produção independente, lançada em 95 e dirigida po Wayne Wang, é uma verdadeira ode ao tabaco e as boas histórias. Na trama, troca-se a mesa de bar e suas filosofias baratas pela tabacaria comandada por Auggie Wren, interpretado com leveza e talento por Harvey Keitel, ponto de encontro dos amantes de cigarros e charutos. Entre um maço e outro, eles discutem basquete e futebol americano, sofrem, brigam. Wang pegou 5 personagens com histórias distintas, unidas apenas pelo rolinho branco que seguram entre os dedos. E o que poderia tornar-se um emaranhado sem pé ne cabeça é muito bem abordado pelo diretor, que demosntra em cada cena uma dedicação carinhosa por suas criações. Esse carinho também é fruto do autor do roteiro, o escritor Paul Aster, famoso por se valer do cotidiano para criar personagens tocantes sem nem uma pitada de pieguice.
Vencedor do Urso de Prata do Festival de Berlim, Cortina de fumaça inebria o espectador a tal ponto que, em certos momentos, é possível sentir o ar pesado pela fumaça. Da fotografia amarelada aos ventiladores eternamente ligados, tudo nos leva até o escaldante verão de Nova York, e a um Auggie obssessivo por fotografar a mesma rua, na mesma hora, faça chuva ou faça sol. Uma maneira de lembrar que aquele lugar que é sempre o mesmo, nunca está igual. Uma nova cor na parede, um novo morador no prédio, um novo artigo na vitrine. Tudo muda e é tudo igual. Como um cigarro depois do outro.
No mesmo ano de Cortina de fumaça, Wang e Aster se uniram novamente e fizeram Sem Fôlego, uma espécie de continuação do primeiro longa. O roteiro não é tão empolgante, mas vale pelas participações especiais de gente como Jim Jarmush,Lou Reed, Michael J. Fox e Madonna, numa verdadeiro ode aos tipos excêntricos americanos. Mas mesmo cheio de estrelas, Sem Folêgo não supera Cortina de fumaça e sua cena final, um monólogo de Harvey Keitel como só ele conseguiria fazer e a sequência que vem em seguida, merece aplausos por sua fotografia em preto e branco e a voz nicotinada de Tom Waits. Daquelas cenas que deviam poder ser tragadas de tão boas.

Bjus da Bia


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Love


Falar de amor no cinema não é novidade. Desde que 24 quadros por segundo passaram a significar bons momentos, beijos, abraços e carinhos sem ter fim sempre estiveram presentes nos mais variados gêneros e sob as mais diversas abordagens. Mas um filme, pelo qual nutro uma relação dúbia, insiste em encabeçar as listas dos mais românticos de todos os tempos.
Love Story - Uma história de Amor,dirigido por Arthur Hiller, nasceu da cabeça do roteirista Erich Segal, que aproveitou o sucesso estrondoso do filme para transformar seu roteiro em livro (seria um escritor frustrado tentando uma pequena felicidade?). E a juventude dos anos 70 soluçava ao ver o romance da suburbana Jenny e do milionário Oliver. A velha fórmula menina pobre+garoto rico=paixão e lágrimas.
Fiz o seguinte caminho na minha descoberta de Love Story: li o livro, um exemplar amarelado herdado de mamãe, quando tinha 15 anos. Óbvio que os hormônios e a babaquice típica da adolescência me fizeram idolatrar aquela trama simples e triste. Só anos depois, aos 21, tive a oportunidade de assistir ao filme. O que senti?

Nada.
Nadica.
Nops!

Estranho, não? Nem eu conseguia entender o que se passava na minha cabeça quando os créditos finais começaram a aparecer na tela. Estava feliz? Triste? Queria repeteco? Não sei dizer. Minha única certeza naquele momento é que Love Story tem todos os ingredientes de uma produtora que encontra-se prestes a falir. Possui todos os clichês de um início de romance hollywoodiano, flertando com pouca habilidade em alguns momentos com o screenball comedy, e, quando poderia dar um rumo surpreendente para a trama, se vale da morte da protagonista para deixar o público com o coração na mão.
Contei o final, estraguei a festa. Não é pra tanto, queridos leitores. Love Story se revela logo nas primeiras cenas: será um amor complicado, dois jovens construindo uma vida e tendo seus planos futuros interrompidos por uma doença fatal. Isso sem contar as cenas de romance na neve e afins. Escorre mel de tão doce. E falso.

Você aí, se chegou até o final deste texto, deve se perguntar: afinal, Bia, tu gosta ou não desse filme? Olha, gosto da trilha, gosto do figurino, Ali MacGraw está linda como nunca e acredito sim, que amar é jamais ter que pedir perdão. Mas acho que esse amor podia ter outro fim ou então um novo modo de fim. É bonito, mas envelheceu. Não me convence mais. Mas ainda diverte, tenho que confessar.
Pensando melhor, talvez quem tenha envelhecido fui eu. Envelhecido a ponto de ter um romantismo diferente do que habitava minha cabecinha aos 15 anos. Não sou mais Jenny. Talvez nunca tenha sido. Mas uma coisa não mudou: aind acredito em histórias de amor.

Bjus da Bia