quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pipoca e guaraná é preciso


Odeio a palavra cult. Mais do que isso: odeio o significado que ela ganhou nos nosso dias. Cineastas cult, filmes cult, pessoas cult. Um rótulo que não garante qualidade nem define nada. Há cults que passam na Sessão da tarde e há cults que são conhecidos só por meia dúzia de criaturas. Cult é terror é comédia, é aventura. É tudo e também é nada.
E pode anotar: quem diz que gosta de filme cult quase sempre entende necas dos filmes e gosta só 'porque é cult'. Uma falta de personalidade de primeira grandeza, não acham? Eu tive a oportunidade de conhecer um exemplar deste tipo na semana passada. Um doce de pessoa, muito educado, mas sem a mínima liberdade de escolha. Quando falei que não conseguia encontrar a versão importada de Os Goonies, cheia de extras, ele veio todo animado, rasgando seda as pencas pro filme. 'Muito cult', ele dizia. Confesso que essas duas palavrinhas acenderam minha luz de alerta. Lá vem abobrinha sem tempero, pensei eu. (Adoro abobrinha, o legume)
Acertei na mosca. Quando citei Flashdance e Footloose como um dos meus preferidos da infância, ele começou o discurso: 'cinema pipoca é lixo!'. Meu nego e Os Goonies são o que, senão cinema pipoca? Hein? Como eu não sou de levar desaforo pra casa (minha mãe diz que é falta de educação sair de uma briga sem bater, hehe), pedi licença e comecei o meu discuro. Inflamado, diga-se de passagem.
Se não fossem o cinema pipoca, o número de suícidios seriam muito maiores, as crianças muito mais infelizes e os adultos uma massa de gente chata e de cara amarrada. O cinema pipoca anima fins de semana e faz a gente lembrar a importâcia de ser bobo. Mas lembre-se, ser bobo é uma coisa bem diferente de ser imbecil. Histórias doces, simples, até irreais fazem bem pro espírito. O que não vale e se deixar levar por qualquer porcaria que se movimenta numa tela grande.
Voltei pra casa me sentindo vencedora, mesmo sabendo que o meu opositor no debate era fraco. Peguei o caminho de casa relembrando os tempos em que me preparava para as aulas de balé me sentindo a protagonista do filme de Adrian Lyne e economizava minha mesada para comprar uma polaina nova.
Eu não tenho mais 13 anos, desisti de ser bailarina profissional e só uso polaina nos dias frios. Mas continuo assistindo Flashdance. E comendo pipoca. Tão feliz quanto nos dias em que espero numa fila gigante pra assistir Inferno, do Clouzot.
Afinal, pra comer pipoca é preciso cérebro. Senão a gente engasga. E isso não é cult.

Bjus da Bia

Pra matar a saudade e sair dançando pela casa!

Um comentário:

James Pizarro disse...

PQP...tem gente que acha importante se achar intelectual o tempo todo. Eu aprendi ao longo dos anos que são uns chatos de galocha. É impossível ser sério, intelectual, centrado, um carvalho milenar a sacudir sementes...durante todas as 24 horas do dia durante toda a existência.
Meus Deus do céu !
Como é bom permitir-se de quando em vez não se levar tão a sério...
Mas algumas pessoas jamais entenderão isso. E serão, por coerência, defuntos sérios e fedendo à literatice...rsssss

Beijo

James Pizarro