quinta-feira, 24 de junho de 2010

Influências


É tempo de Copa do Mundo e como aqui em casa nessa época todo mundo fica meio doido e disputando a pipoca e o melhor lugar no sofá, ando um pouco distante desse meu cantinho. É jogo antes do almoço (isso quando eu tenho tempo de almoçar!), estudos de teoria do cinema (cansa, mas é bom), jogo de tarde e a noite ainda tem mais leitura e, pra não perder o vício, um bom filme. Nessa minha vida de investigação cinéfila, descobri que muita gente não entende, ou não gosta, de Tarantino, Almodóvar e Scorcese por um simples detalhe: não conhece suas influências e, por consequência, seus "sinais" dentro dos filmes. Parece a coisa mais óbvia do mundo, mas só por esses dias me dei conta disso, depois de ver um amiguinho do meu afilhado ficar de boca aberta e quase babar assistindo Kill Bill. Passei a tarde terminando editando um texto e escutando exclamações como "que massa!", "Olha isso!", "Pô, esse é o melhor filme que eu já vi!". etc. Tive que admitir que o garotinho tem bom gosto, mas não me contive e fiz o mesmo que meu avô fazia quando eu me admirava com algum filme. Saca só a cena:
- Gostou do filme?
-Aham (meninos de 10 anso sempre ficam tímidos com meninas mais velhas e chatas. Por isso, levei o aham na boa)
-Legal esse macacão amarelo, né?
-Massa! Também gostei da musiquinha e dos caras mascarados.
- É do Besouro Verde.
-Como?
-Essa música é do Besouro Verde, um seriado que começou no rádio depois foi pra tv. Tinha o Bruce Lee, que é o cara que usou um macacão amarelo igual a esse num filme chamado Operação Dragão.
-Como tu sabe isso.
-Sabendo.
Ele deve ter ido pra casa pensando que eu era louca ou mentirosa. Ou as duas coisas. Ou entãso foi confirmar com alguém da família se eu tinha ou não razão.
Muitos críticos dizem que esse excesso de influências e citações pop nos filmes servem pra esconder a falta de criatividade do realizador. Discordo. Uma coisa é plágio, outra coisa é se deixar levar pelo que a gente gosta e dividir isso com o público. Tarantino não seria Tarantino sem a música boa, a máfia não seria nada nos filmes de Scorcese se não fosse os Stones e Almodóvar não seria o mesmo menino observando a mãe sem Bette Davis e sua Margo Channing. E a vida não seria tão divertida sem aquela sensação de estar no cinema e pensar: já vi isso em algum lugar.

Um comentário:

Haydée disse...

Bianca: qdo eu crescer quero ser como tu. nos anos 50 60 e lá vai tempo vi todos os filmes possíveis e nunca saquei essas coisas que cientificamente tu ficas dizendo. és meu "orguio". bj Haydée