sexta-feira, 23 de abril de 2010

As coisas que ficam


Lembram de ontem, do post da adolescência? E de uns dias atrás, quando falei sobre a faxina? Pois é, tudo se junta num mesmo dia. Na minha eterna faxina da estante, encontrei um tesouro que a muito não ocupava minha cabeceira: um exemplar modelo pocket de As Virgens suicidas, de Jeffrey Eugenides. Daí ficou difícil segurar o sorriso. Lembrei com clareza da minha ida até a biblioteca da escola durante a aula de matemática, com a desculpa de que precisava ir ao banheiro. Confesso que escolhi o livro pelo título. Naquela época, com pouco mais de 14 anos, me apavorava a ideia de morrer virgem diante de tantas amigas que já eram experientes quando o assunto era sexo. O que era pra ser apenas um motivo pra fugir dos estudos virou uma noite insone. Terminei o livro e me peguei relendo algumas passagens. O fascínio que 5 meninas misteriosas e lindas causavam nos garotos da rua. O choro de Lux ao ter que queimar seus discos. Os suicídios. Os segredos divididos.
Lembro que pensei várias vezes em não devolver o livro. Aqueles roubos que fazem sentido. Mas acabei desistindo depois de um discurso sobre integridade dado pelo meu pai na mesa de jantar. Anos depois, achei um exemplar e comprei. E, mais uma vez, me deliciei com a prosa pop e realista do livro. Decidi que ele deveria morar na minha estante pra sempre. Afinal, não perdeu o significado. Como todas as grandes obras.

Pra quem nunca leu, fica a dica. Outra boa pedida é curtir o filme de Sofia Coppola, que traduz com muito charme a trama de Eugenides. Sem contar a trilha sonora, que dispensa apresentações.

Bjus da Bia, saudosa e literária

Um comentário:

James Pizarro disse...

Insisto na idéia de recolher as postagens tuas, talvez dar uma revisada aqui ou acolá. E transformar num livro de crônicas.
Se tivesses e ouvido, já terias feito o mesmo com tua monografia de fim de curso sobre cinema que li/reli e achei adorável. Mas que, teimosamente, biancamente, zassonalmente, teimastes em achar pouco profunda e sem importância para virar livro.
Quem decide isso sou eu, teu leitor cativo, e não tu e tua mania de perfeccionismo. Considere-se beijada !

James Pizarro