quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Quando perde o significado


Certas coisas não envelhecem. Um bom quadro, um bom livro e um bom filme são bons não importa o ano em que foram feitos nem a idade quem os aprecia. Mas e quando perde o significado? Será que é porque é ruim? Pra mim, o negócio todo acontece é dentro da gente.
Vejam só: quando eu li Love Story, de Erich Segal, eu devia ter, no máximo, 13 anos. Encontrei o livro numa gaveta da estante da sala. Amarelado e com aquele cheiro de livro que já esteve em outras mãos. Resolvi dar uma olhada e acabei lendo o romance inteiro. Terminei a última página fungando. Tão lindo!! :) Daí bati perna que nem uma condenada pra conseguir o filme. Chorei um balde e meio. E solucei horrores!

Daí vem a vida e me dá uma surpresa embrulhada: a oportunidade de ler novamente Love Story. Não cheguei na página 10. Larguei e peguei meu O lobo do mar do Jack London, devorando 8 capítulos com vontade. Só parei porque o telefone tocou.

Love Story não me emociona mais. O filme ainda me proporciona uma certa diversão, mas não é como antes. Meu coração não fica mais apertado. Culpa do tempo. Love Story não significa mais pra mim. E eu adorei perceber isso. Assim como acontece com as pessoas que passam pela nossa vida, os livros e os filmes também perdem o significado e nos abrem caminhos para novas descobertas. Nada mais nos prende.

Confesso que tenho uma lista bem maior de filmes que significarão muito pra mim para sempre, mas é bom saber que algo que tanto nos fez sorrir no passado agora não passe de mais uma opção na locadora ou na prateleira.

Depois de tudo isso, lá fui eu assistir pela enésima vez Tarde demais para esquecer. Esse não perde o significado nunca. E sempre me faz chorar na cena final.

Um comentário:

TatiPy disse...

Pois, é, né?
Tem coisas que fazem sentido pra gente em determinada faixa etária ou quando vivemos determinadas experiências.

Vivi algo semelhante com o "Olhai os Lírios do Campo", do Erico Verissimo. Quando eu tinha uns 12 anos, me interessei pela obra completa do autor que cresci vendo na estante. Minha mãe, toda feliz, recomendou que lesse "Olhai" primeiro. Não li dois capítulos. Fui fuçar, e li "Clarissa" (que tinha tudo a ver comigo, já que era uma garota da minha idade, de cidade pequena etc.).
Aos 18 anos, porém, conhecendo o primeiro amor e já tendo passado por algumas sinucas, li "Olhai..." e me identifiquei horrores.
Depois dos 25, fui reler, e achei triste, mas meio bobo. Coisas da vida, acho.

Beijinhos, querida.