domingo, 15 de agosto de 2010

Se afinar de tanto rir


Quando criança (será que já deixei de ser uma?) eu tinha vários apelidos. Bia era o mais comum deles, pois simplificava um nome italiano e nada sonoro que mamãe escolhei pra mim. Mas o que mais me incomodava quem me deu foram os colegas de escola: Mônica. Tudo porque eu era baixinha, golducha e dentuça. E era mesmo, qual o problema? Ser baixinha não era defeito, gordurinhas todo mundo tem. O que me dava nos nervos era o tal do dentuça.
Sim, sou dentuça. Tenho espelho em casa e sei disso. Mas porque ter os dentinhos avantajados é motivo de chacota? Na infância e na adolescência isso me incomodou muito, pois o que menos me importava era o tamanho dos meus dentes. Sempre tinha uma resposta na ponta da língua para os engraçadinhos de plantão que insistiam em ressaltar mais ainda esse pequeno detalhe da minha face. No fim das contas, tudo acabava em gargalhada. E é aí que eu quero chegar.
Gargalhar é uma das coisas que eu mais gosto de fazer na vida. Sabe aquele papo de perco o amigo mas não a piada? Levo à risca, porque sei que amigo que é amigo entende a piada e ri junto, sem guardar rancor. E eu tenho dois "amigos" em especial que sempre me fazem rir, e rir alto e com gosto: Peter Sellers e Jack Lemmon.
Conheci Peter Sellers numa daquelas gostosas sessões de filmes junto com meu vovô, que tem a gargalhada mais gostosa do mundo (ao lado da do Carlos Couto). A pantera cor-de-rosa, Um convidado bem trapalhão, Lolita do Kubrick...era risada atrás de risada. Aquela cara de panaca aliada ao jeito atrapalhado animaram muitas tardes do meu início de vida cinéfila. Ah, e renderam mais um apelido pra minha pessoa: Inspetor Closeau. Por quê? Sou estabanada desde o berço, quando derrubava a mamadeira no lençol recém-lavado.
E o Jack Lemmon? Bom, esse só de olhar dá vontade de rir. Quanto mais quente melhor é daqueles filmes-remédio: quando a coisa fica feia, bate aquela tristezinha, a gente coloca pra rodar e tudo muda. Uma piada mais inteligente que a outra, situações bizarras. E ainda tem Se meu apartamento falasse, outro clássico da dobradinha Lemmon/Billy Wilder.
Esses dois encabeçam uma lista de homens que me fazem rir que passa por tios (todo mundo tem um tio bom de piada) até humoristas da chamada nova geração. Todas essas lembranças, filmes e apelidos foram pra dizer que hoje eu não tenho mais aquela frescura de rir com a mão cobrindo a boca, cheia de vergonha do meu atributo dentuça. Dou gargalhadas bem faceira, sem medo. Faz um bem danado, tem que ver. A gente demora um pouco pra entender que ser dentuça ou bochechuda, tagarela ou desengonçada não é defeito, é a gente e pronto! Peça única e original? Ia ser a coisa mais chata do universo se todo mundo fosse lindo, divino e maravilhoso. Belezuras a parte, o pessoal podia se preocupar mais em ser feliz do que com o tamanho da bunda do vizinho. Ou não, dependendo da bunda e do vizinho.
Continuo baixinha, não sou mais gorducha mas nunca fui tão dentuça, muito obrigada. Enquanto os apelidos rolam, eu dou risada feliz da vida. Você, que apelida até carro abandonado, devia fazer o mesmo.

Bjus da Bia, e curtam com muito riso um dos finais mais engraçados do cinema!

Um comentário:

Joyce Noronha disse...

Isso Bia! Viva aos dentuços, gordinhos, tagarelas (EU!), baixinhos, gigantes, etc. O importante é saber rir! Rir de si mesmo, dos outros e da vida, sempre com o espírito leve.

Amei o texto e esse trecho do filme é de MOR-RER de rir... Amo!

Bjos da Joy