quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Jornalista, muito prazer


Domingo fez um ano da minha formatura. Queria ter feito um texto festivo, falando de como o tempo voa, as coisas mudam e blá blá blá. Mas resolvi deixar quieto e "comemorar" sozinha. Há um ano atrás, eu era uma estudante de jornalismo ansiosa que viu o pai parar na UTI no dia da entrega de seu trabalho final. A festa foi pelos ares, a viagem que era o presente dos avós também. E não pensem que fiquei choramingando pelos cantos. Mas confesso que foi mais assustador do que eu imaginava encarar aquela banca examinadora. Eu precisava me concentrar e, volta e meia, me pegava pensando no meu pai, lá no hospital, preocupado comigo entre um exame e outro. E eu lá, tentanto convencer os colegas das minhas conclusões sobre cinema, cowboys e samurais. A minha maior paixão de um lado e o homem da minha vida do outro. Foi um sufoco, mas ganhei um 9. Não era o 10 que eu sonhava, mas naquela altura do campeonato, tava ótimo.
Veio a colação de grau, a melhora do papai e a primeira entrevista de emprego. Pasmem: fui com a certeza de que não conseguiria a vaga. Mas, pasmem em dobro, eu consegui. E, acompanhada do primeiro emprego como jornalista de verdade, veio uma esperança gigante de que as coisas iam melhorar.

Só que não melhoraram.

O ambiente maluco da redação era ótimo, aquela barulheira era tudo que eu sempre sonhei. Mas a minha falta de experiência e, antes de tudo, a minha inocência, ajudaram no meu medo. Pautas negadas, matérias onde eu deixei de ousar por burrice e alguns poucos momentos onde o retorno dos leitores me prpoporcionavam o único sorriso do dia.
Em casa, muito choro e uma semana sem dormir (isso é sério!) pensando na melhor decisão a ser tomada. Questionei minha escolha pelo jornalismo, pensei no que sempre quis, nos motivos que me levaram a ela. Era minha única certeza na vida: sabia que queria ser jornalista desde que me entendia por gente. Mas será que eu servia pra isso? Nunca quis mudar o mundo, mas o meu bairro já ia ser uma vitória. Queria o jornalismo porque gosto de gente, de histórias, de vida, de ouvir e ajudar a contar. Ao mesmo tempo, sempre me incomodou aquela coisa formal demais, cheia de dedos de alguns jornalistas. O mundo já é tão cheio de regras, tu passa o dia aguentando o patrão, a fila, o aperto do ônibus e ainda chega em casa e dá de cara com um cara sisudo, com um ar superior. "Eu sei das coisas, agora para aí e escuta". Sempre vi jornalismo como proximidade, a profissão capaz de aproximar mundos.

Agosto de 2010: sou jornalista há um ano, tô desempregada, mas continuo procurando, acreditando nos meus sonhos e convivendo com pessoas que me chamam de louca. Aliás, um dia ainda vou entrevistá-las, pode crer.

Bjus da Bia

2 comentários:

James Pizarro disse...

Puxa...já faz um ano ?
Lembro de tudo, pois te acompanhei "de perto"...embora estivessemos há 800 kms de distância física.
Repito e resumo as horas e horas de conversas (pra mim, encantadoras) : não sei de que jeito, mas tens de sair da cidade.
Principalmente porque já sabes o que muitos adultos da cidade ainda não descobriram : o planeta não termina em Itaara e nem no Verde.
E tu mereces outros céus e mais altura, sua "Fernanda Capela" Gaivota !!!
Beijo

James Pizarro

Anônimo disse...

... e já faz um ano que eu sou publicitário. Um publicitário desempregado, diga-se de passagem, mas ainda assim um publicitário.

Entrei no google e caí de para-quedas aqui no teu blogue. Só para não perder a viagem, resolvi comentar alguma coisa.