segunda-feira, 12 de julho de 2010

Wyler, Wise e as mudanças


Jogar no ataque e na defesa. Ser o dono do campinho e da bola. Apitar e chutar pro gol. Não, o papo hoje não é futebol, até porque a Copa do mundo já foi e a Espanha tá (merecidamente) festejando até agora. O negócio é cinema mesmo. William Wyler e Robert Wise são dois cineastas que não estão mais entre nós, mas andam incentivando uma série de novos talentos das câmeras. Isso porque eles tinham um diferencial dos seus companheiros de profissão lá na tão comentada (e copiada!) década de 50. Eles encaravam tudo: comédia, suspense, ficção científica, romance e o que mais aparecesse. Afinal, eram contratados de grandes estúdios e tinham que cumprir suas metas. Mas pra que virar uma máquina de fazer filmes? Pra que rodar apenas o que está no roteiro? Que tal um detalhe aqui, uma marca registrada? Pois bem, eles tinham.
Wyler tinha um bom humor incrível e era um perfeccionista convicto. Prova disso é que Charlton Heston quase teve um troço quando filmou Ben-Hur, de tanto repetir cenas de ação. Afinal, um épico precisa ser grandioso, monumental. E Wyler conseguia isso. O espectador menos atento talvez não perceba que o mesmo cara que comandou a corrida de bigas mais famosa da telona também conduziu um dos romances mais lindos e modernos do cinema americano: A princesa e o plebeu. Um filme simples, delicado, focado nos atores e, em especial, nos olhares. Lindo, lindo, lindo.
E Wise? Queridos, ele fez A noviça rebelde e entreteu mais da metade da população mundial com canções inesquecíveis. E ainda transformou Julie Andrews na babá que todo mundo queria ter. Toda essa delicadeza, esse clima família...mas o homem também gostava de inovações. Ajudou na montagem do primeiro Jornada nas Estrelas e também comandou os trabalhos de uma das primeiras grandes produções de ficção científica dos anos 50: O dia em que a terra parou, isso lá em 1952. Ou seja: efeitos especiais bem fraquinhos. O jeito era improvisar pra colocar medo na garotada que lotava as salas de exibição.
Dois caras, muitos cinemas. Em congressos de cineclubistas ou mesmo de diretores a gente escuta muito aquele papinho de filme de autor, mas o conteúdo é muito diferente daquele criado pelo pessoal da nouvelle vague. Fulano faz filme de arte, ciclano faz comédia, beltrano só faz drama. Toda essa ladainha ainda vem temperada de críticas pra realizadores que se arriscam nos mais variados gêneros. Qual o problema em misturar, hein? Ninguém aguenta o mesmo ritmo todo dia. Até a mais fiel das rotinas tem os seus percalços. Nunca somos os mesmos, porque nossos filmes deveriam ser? E isso vale pra tudo, não só para o cinema. Mudar é preciso. Mudar e continuar sendo a gente mesmo. Mudar sem perder a essência, como diria minha sábia mãe. Aliás, ela muda sempre. Nem que seja a cor do cabelo.

Meninos, fica a dica: Wyler e Wise sabiam das coisas e mudavam. Nós vamos no mesmo bonde. Pelo bem dos nossos dias.

Bjus da Bia

2 comentários:

James Pizarro disse...

Credooooooooo...me dei conta que eu já era bem adulto quando estes filmes todos passaram...e os vi todos...
Socorrooooooooooooo...estou velho !

Beijo

James Pizarro

Vinicius disse...

Gostei do Wyler, que assisti procurando os filmes da Audrey Hepburn, principalmente que os mocinhos não ficam juntos no final, por algum motivo maior que eles - isso que é não fazer concessão. Gostei do blog também, até.