terça-feira, 8 de março de 2011

Batalha sem rosto


Quem já sentiu raiva sabe, a simples menção do nome do inimigo já nos deixa de punhos cerrados. Mas é quando esse inimigo não tem rosto e não passa de um mistério para nós? Daí a raiva da lugar a mirabolantes ideias, que colocam os neurônios pra funcionar a mil por hora. Afinal, não existe um olhar que denuncia o desejo da nossa "vítima".
A raposa do mar, do diretor e produtor poderoso Dick Powell, é um filme sobre dois homens que não se conhecem e passam brigando. Nada de socos e pontapés. O negócio aqui é outra categoria: torpedos de alto alcance. Também pudera, os homens em questão são Robert Mitchum e Curd Jürgens. Enquanto Mitchum interpreta o capitão de um contra-torpedeiro americano, Jürgens dá vida ao comandante de um submarino alemão. Baseado no no livro The Enemy Below, o filme pode parecer, à primeira vista, mais um filme sobre conflitos navais da Segunda Guerra Mundial. Mas logo a trama simples ganha clima de jogo de xadrez, com Mitchum e Jürgens armando estratégias e tentando adivinhar o que pensa o inimigo. O carrossel de emoções que toma conta da tripulação, tanto do navio como do submarino, presenteia o expectador com momentos de correria e muita ação intercalados com silêncios de tirar o fôlego. Se bobear, dá pra ouvir os cérebros funcionando em busca de respostas.
Uma curiosidade que divide opiniões sobre A raposa do mar é o fato do diretor ter apresentado dois finais diferentes em sessões somente para convidados que, após assistirem as duas versões, votavam na sua preferida. O final que foi parar nos cinemas venceu por unanimidade. Também pudera, é surpreendente, delicado e real. Dá uma aula de amizade sem pieguices ou aquele clima de lição de moral que muitos por aí gostam. É simples, joga limpo com o público. Bravo!
Falar de filmes de guerra é um grande prazer pra mim, ainda mais quando eles envolvem conflitos navais. Tenho questões sentimentais sérias com essas batalhas em alto mar:) Por isso, relutei tanto em escrever sobre A raposa do mar, temendo que, ao invés de um post sobre o filme, eu criasse um monstrinho cheio de lembranças e declarações de amor aos marinheiros. Acho que cumpri minha função e, assim como os personagem principais do filme, fui surpreendida pela esperança no meio da guerra. Pela amizade no meio do conflito. Pela boa história no meio da vida real.

Bjus da Bia


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