sábado, 12 de fevereiro de 2011

Olhe para ela


A simples menção do nome Marilyn Monroe já remete a sensualidade. Tem como tirar os olhos da loira aí de cima? As mulheres se inspiram em suas formas voluptuosas e os homens babam pelas mesmas. Mas quem é cinéfilo sabe que a moça era esse furãcão todo sem fazer caras e bocas. Ou melhor, as caras e bocas eram ingênuas. Pelo menos pra ela.
O melhor exemplo da ingenuidade sedutora de Marilyn está em O pecado mora ao lado, longa baseado na peça de George Axelrod, que assina o roteiro ao lado do diretor Billy Wilder. Aliás, Wilder foi o responsável por tirar de Marilyn a sua melhor performance no sensacional Quanto mais quente melhor. Em O pecado..., Marilyn encarna mais uma vez o papel de uma jovem em busca da fama que derruba o coração e o queixo de qualquer homem por onde quer que passe. Um desses admiradores é Richard (um impagável Tom Ewell)que, assim como quase todos os maridos de Nova York, manda a mulher e o filho para o sul durante o escaldante verão americano. Sozinho em casa, pouco trabalho, algumas privações prescritas pela mulher antes de embarcar (não fumar, não beber) e tudo parecia perfeito na vida do fiel Richard. Mas daí surge Marilyn e suas estonteantes curvas no andar de cima. Está feito o estrago. A imaginação de Richard, que não é pouca, vai a mil quando a nova vizinha aceita seu convite para um drink. É o primeiro passo para uma série de situações engraçadas e neuróticas, comandadas com a maestria de Wilder.
Entre um champanhe e uma batata frita, Marilyn fala absurdos divertidíssimos com sua voz quase infantil. Seduz sem fazer força e toma conta da tela a cada take. Mas um em especial merece o nosso respeito e atenção. Até quem nunca passou perto de uma cópia de O pecado mora ao lado, conhece a cena em que Marilyn se refresca no duto do metrô esvoaçando seu elegante vestido branco modelo frente-única. Considerada uma das mais sexies passagens do cinema, ela pode causar bocejos na geração acostumada com coisas bem mais picantes. Mas o charme da igenuidade picante de Marilyn o tempo não conseguiu apagar do negativo.
O pecado mora ao lado, na verdade, seria uma comédia sobre um homem atormentado por desejos e dúvidas típicos da crise de meia-idade. Seria, mas uma loirinha chegou e mudou o curso das coisas. Também pudera. Alguém consegue parar de olhar pra ela?

Bjus da Bia

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