terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A violência e a tela prateada


A violência no cinema sempre me atraiu. Odeio violência no mundo real, acho covarde e sempre quem sai perdendo é o lado mais fraco. Mas na tela, algo me fascina. Sangue, socos, pontapés ou palavrões. Coisa de doido, né?! No começo da minha cinefilia, não entendia muito bem esse meu fascínio. Mas as coisas mudam...
Ontem assisti Senhores do Crime, de David Cronenberg. Sou fã desse diretor e um dos meus grandes vacilos do ano passado foi não ter visto esse filme no cinema, em Porto Alegre. Tive a chance e perdi. Paciência. No longa, Cronenberg volta a falar do poder da violência e de como ela está, a cada dia que passa, impregnando suas marcas no mundo. Tudo começou com o ótimo Marcas da violência, de 2006. Senhores do Crime repete o protagonista de Marcas, Viggo Mortensen. O moço é daqueles atores com cara de gente má, bem ao estilo Lee Marvin. E nesse filme, mais do que no anterior, ele arrasa numa interpretação que beira o torpor, com raros( e impressionantes) ataques de fúria. É um filme sobre a máfia russa na sua mais pura forma. Sem charme. Sem aquela aura de "somos maus mas somos felizes". Uma verdadeira paulada.
Confesso que fiquei mei zonza quando o filme acabou. Aquele sangue parecia que escorria das minhas veias. Não conseguia raciocinar muito bem. Daí, passado a susto, fui ler o artigo O rio de sangue no corpo da civilização, que Enéas de Souza escreveu para a revista Teorema - Crítica de cinema. Só aí consegui entender o que tinha acabado de passar diante dos meus olhos. Estamos à beira da barbárie. E Croneberg sabe disso. As armas, o sangue, os assassinatos não está ali à toa. Cada bala tem um significado.

Bjus da Bia

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