domingo, 25 de janeiro de 2009

A melhor curva da estrada


Caí sozinho. Talvez fosse o alcóol. Talvez fosse ela. Eu não vou me prestar a descrever o corpo, as garras, os peitos ou o que mais for. Eu quero é falar daquele rosto, mas me faltam os verbos e aquela coisa que serve pra elogiar...adjetivos, né? Bom, era um rosto frágil demais. Era como se eu estivesse diante de uma daquelas colagens doidas, onde colocam a cara de um anjo num corpo de mulher mortal. Mortal, em todos os sentidos. Porque aqueles olhos estavam prestes a me matar, eu sei. Era isso que ela queria. Mas parecia que o corpo dizia o contrário. Era um rosto delicado demais pr'aqueles olhos fortes e firmes. A timidez das mãos inquietas não combinavam com aquelas olhadas que mais pareciam um verbete de dicionário:mil significados.Eu podia tá entendendo tudo errado, mas havia um convite dentro daquelas pupilas e, modéstia a parte, era pra mim.
E depois de muitos ensaios, eu resolvi aceitar. E tomei o rumo daqueles olhos...

Só bem de perto percebi o quão justo era aquele vestido preto. Ela não disse nada. Eu não conseguia dizer nada. Nem pensar em nada. E isso devia tá escrito na minha cara. Pois como todo perdido, ela percebeu que eu precisava de um mapa. E me guiou, com toda delicadeza do mundo, que a estrada estava bem na minha frente. Pegou minha mão e, sem dizer uma sílaba, me deixou percorrer a melhor curva.

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