quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Faces


O ator Lon Chaney entrou pra história do cinema com o título de O homem das mil faces. Apelido merecido para o protagonista de uma das primeiras versãos de O Fantasma da Ópera para a tela grande, lá em 1922. Assistir esse filme, disponível em DVD no Brasil, é uma experiência divertida. Chaney conseguia meter medo sem precisar de gritos e toda aquela barulheira que tomou conta do cinema de terror com a chegada do som. Não que eu não goste do "gritedo", mas ver um ator se valer apenas de uma maquiagem precária e feições retorcidas para compor um personagem é algo incrível. O cinema mudo prezava os olhares, os olhos trêmulos e os sustos que só um gesto pode revelar. Hoje, é preciso mais que uma boa expressão facial pra vencer (e convencer!) nas telas. Voz, canções, sutilezas também tem o seu poder. Mas eu ainda me choco com certas faces e seus poderes.

Cresci vendo faroestes e filmes de guerra. Até hoje eles são meu passatempo preferido quando o programa do dia é uma ida ao cinema ou um DVD no sofá. É claro que também tenho meu lado feminino-chorona-romântica que, em certos momentos da vida, se deixa levar por um romance cheio de beijos e encontros. E desencontros felizes também. Mas é exceção. Meu cotidiano cinéfilo tem tiros e suspense, algumas lágrimas, muitos diálogos e silêncios com significado. E rostos que me prendem a atenção até a chegada dos créditos finais. Feições que não me canso de admirar.
Henry Fonda foi o primeiro. Aos 10 anos eu desenvolvi um amor platônico por aqueles olhos azuis depois de assistir 12 homens e uma sentença pela primeira vez. Mas esse filme não era em preto e branco? Era, mas aquels olhos eu enchergava em profundo azul. Ai, ai...
Charles Bronson veio depois. Uma mistura de índio com tira malvado, protagonista de quase todos os filmes policiais que vi na vida. Virou sinônimo de tiroteio dos bons e assaltos a trens de carga. Uma cara que não precisava de mais nada para convencer o espectador. Talvez só uma Magnum 44 carregada.
Bil Murray. Esse é paixão antiga, iniciada nas várias fugas da escola para assistir Os Caça-Fantasmas na Sessão da Tarde. Gosto daquele jeitão distraído. Mas o ápice do meu olhar bobo para Murray se deu em Encontros e Desencontros da poderosa Sofia Coppolla. Uma invejinha boa da bela Scarlett Johansson tomou conta de mim. Dividir os segredos e a solidão com Bill Murray. Taí um sonho constante na minha cabecinha.
Alista é grande, ocuparia uns 10 postas e deixaria muita gente chateada porque faltou fulano e beltrana. O que importa mesmo é que cinema é a arte da imagem, um campo de batalha, como diria Samuel Fuller. Um jogo de sedução entre espectador e personagem. Só não vale fugir da raia com medo de se entregar demais. Caso este seja o seu caso, na proxima sessão, encare de frente.

Bjus da Bia

Um comentário:

Libriana Voadora disse...

Bianca! Tu sempre aumenta a minha cultura cinematográfica, hehehe! Beijos!!! Sinto saudades!!!