quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Maternidade


É sempre mais forte do que eu. Não resisto uma olhadela quando me deparo com uma mulher grávida e não sei descrever o que sinto quando vejo um barrigão combinado com pés inchados e roupas largas. Grávida. Não sei se sorrio ou se choro.
Desde a adolescência isso me persegue. Vi várias amigas engravidando aos 15, 16, 17 anos e sofrendo uma reviravolta em suas vidas. Umas largaram a escola, outras casaram, outras fugiram e teve até as que abandonaram sem nenhum sinal de tristeza. Eu presenciava tudo isso com um aperto no peito e uma certeza: se ficasse grávida, estaria ferrada. Não tinha cabeça, nem paciência e muito menos inteligência pra educar uma criaturinha frágil e curiosa. Ao mesmo tempo, um bichinho incômodo me dizia que sim, valeria a pena colocar mais um bebê no mundo e que eu ia amadurecer muito quando vivesse a tão comentada maternidade.
E cá está o cinema me pregando mais uma peça. Depois de Juno, onde a identificação me levou 4 vezes ao cinema e um cem número ao DVD, eu reencontro um filme doce, quase surreal, apesar do tema estar presente em muitos cotidianos. Em certas cenas, o colorido e as atuações lembram desenhos animados. Em outros, temos olhares e atitudes humanas, demasiado humanas. Meio como a vida, onde o sonho está presente, mesmo que só você perceba.
Garçonete tem roteiro e direção de Adrienne Shelly, talentosa atriz e realizadora que morreu assassinada antes de ver o filme pronto. Além de assinar o roteiro e a direção, Adrienne esbanja talento na pele da tímida e atrapalhada Dawn. Mas quem domina o filme é a protagonista Keri Russel na pele de Jenna, uma garçonete que transmite às suas deliciosas ortas seus sentimentos mais secretos. Cada ingrediente é uma pessoa, uma dúvida, uma dor.
Pode não ser uma história esplêndida, uma obra-prima, mas tem uma sinceridade pouco usual no cinema maternal. Engravidar nem sempre é motivo para sorrisos e crises de euforia. O mundo não vai mudar e você não é especial. É apenas mais uma entre tantas gestantes. Vai ficar insone pensando nas contas que vão aumentar, em como lidar com manhas e se os peitos vão cair com a amamentação. Mas Garçonete também ensina que romances vem e vão, mas filhos são eterno e nos provocam um amor que não precisa explicação.
É, meu relógio biológico parece estar apitando. Mas primeiro é preciso emprego, casa e algum cursinho preparatório para crises de cólicas. Ou talvez nada disso tenha importância. Quando a barriga começar a crescer, eu vejo no que dá. Enquanto isso, fiquem com o trailer de Garçonete.

Bjus maternais da Bia

Um comentário:

Ana Bittencourt disse...

pequena irmã, tu não... né?
ai meu deus.