Já que teve que gostou (acredite, teve!) aí vai mais um conto dessa que vos escreve!
Bjus da Bia
ESCONDE-ESCONDE
Sabrina sabia. Era tímida até o último fio de cabelo. Cabelo esse que ela fazia questão que fosse comprido e cobrisse boa parte do rosto. Para ela não existia coisa mais triste do que perceber que estava sendo observada. Aí, meu pai do céu! Tem alguém me olhando. Alguém sabe se no quintal tem uma terra fofa, onde eu possa cavar um buraco e me esconder dentro?
Se dependesse dela, dormiria embaixo da cama, que é pra ninguém vê-la sonhando. Por que que toda vez que vem visita, a mãe da gente insiste em reunir todo mundo em volta da mesa? Será que eu não tenho o direito de comer tendo apenas a companhia das paredes do meu quarto? Elas são quietinhas, não ficam o tempo inteiro perguntando como está a escola ou se eu já sei o que vou ser quando crescer. E o melhor de tudo: elas não têm olhos.
A Júlia era a melhor amiga da Sabrina. E a Júlia a-do-ra-va trocar olhares com o Marcelinho, que era tido como o garoto mais bonito da escola, apesar de não ser muito chegado a lavar o cabelo ou usar perfume. E não é que ela sempre trocava esses olhares cheios de significados sempre na frente da Sabrina! A coitadinha não entendia como uma pessoa pode gostar de ser olhada e, ainda por cima, retribuir o olhar. Deus me livre e guarde, gritava a Sabrina. A Júlia até pensou em tentar ensinar pra Sabrina a arte dos olhares. Esquece, querida! Você só vai perder seu tempo. Sabrina sabe, como ninguém, que olhar não é com ela. Ainda mais olhar pro Marcelinho.
Tava um frio de rachar quando a Sabrina conheceu o Breno, primo da Júlia que morava no interior. A amiga vivia dizendo que ele vivia cercado de galinhas e pintinhos, que tinha um cavalo de estimação chamado Carrapato e que seu esporte preferido era nadar numa cachoeira cercada de mato e sabe mais Deus o quê. Enfim, um caipira de primeira grandeza. Não sabia mexer em computador e achava que passear no shopping era uma chatice sem tamanho.
Chegou a noite. Sabrina se cobriu com um cobertor pesado, mal podia mexer os pés. Pensou na Júlia, esperando o sono chegar. Lembrou da Júlia olhando o Marcelinho e depois, no Marcelinho olhando a Júlia. Pensou no Breno e em como devia ser a casa dele, lá na fazenda. Sentiu vontade de conhecer Carrapato, o cavalo. Lembrou do Breno olhando pra ela. Cobriu a cabeça com o travesseiro. Sentiu o ar faltar e jogou o travesseiro longe. Ficou quieta. Pensou seriamente na possibilidade de olhar para o Breno.
3 comentários:
Gostei da historinha.
Gostei da historinha.
Nhóó, que fofoo ^^ bjss
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