quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Equilíbrio


Tem coisas que a gente só enxerga se alguém mostrar. Repara na cena:

-Bia, como tu consegue?
-O que?
-Gostar de coisas tão diferentes. Olha aqui, ó! Filme de terror tosco e comédia romântica.
-Comédia romântica eu sou chata pra escolher. Sempre acho boba.
-Mas tem umas que tu gosta.
-Tem sim. Principalmente aquela com o Peter O'tolle. E aquela última da Scarlett eu achei bem divertida.
-Então, como tu consegue?

Nunca parei pra pensar nisso. Quando escolho um filme, a coisa é muito instintiva. Gosto de terror mesmo, e dos toscos. Mas também choro com Fellini, Antonioni sempre me faz pensar, John Ford me ensina que tenho muito que aprender antes de sair por aí dirigindo cavalos e homens que usam pistolas. Quanto a comédia romântica, acho que todo mundo tem seus dias frágeis, onde tudo que a gente quer é um final feliz que a sabemos quase nunca acontece na vida real e umas palavras doces. E inteligentes, se possível.
Acho que cinema é equilíbrio. E equilíbrio não precisa ter pressa ou convicções. Dá pra mudar e continuar firme na corda bamba. A tela grande não perde o foco se a gente ousar. Aliás, sempre desconfiei de quem responde a pergunta "o que tu curte em cinema" com frases de efeito do tipo "cinema europeu" ou "a nova safra de diretores argentinos". Pra mim, isso é muito vago. Tem muito filme europeu fuleiro e nem todo cineasta argentino é talentoso. Desculpe, mas essas respostas me soam pouco sinceras. Coisa de quem quer posar de cult. E isso é arg!
Eu gosto de cinema. E, dependendo do dia ou do estado de espírito, escolho meus filmes. E vejo com o coração e não simplesmente pra contar vantagem.

Bjus da Bia

Um comentário:

de mau humor disse...

Oi Bianca! Teu blog é muito legal e os textos muito bons de ler...Parabéns! Eu me identifiquei com várias coisas dos teus textos. Também gosto de muitas coisas diferentes como filmes de terror e aqueles ultraromânticos. Vc tem razão: somos uma mistura e os homens não entendem. Não entendem que queremos ser independentes; não entendem quando a gente sai pra balada só pra dançar e beber...e nunca vão entender.
grande abraço