quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Desculpe, já gostei de você


Faço de um tudo pra esse blog não ter muitas queixas ao estilo o mundo me odeia, pois acho uma chatice entrar num blog e só ver gente chorando as pitangas. Mas hoje eu vou presentear vocês com uma história que serve pra tudo, inclusive pra fazer quem tá do outro lado da tela choras as pitamgas, as bergamotas, enfim, a feira inteira, se quiser.
Tava lendo na revista ALFA ( que é masculina mas é leitura obrigatória pra toda mulher que se preza) um texto sobre onde o crítico de rock Lenny Kaye expõe seus motivos de arrependimento por ter falado mal do álbum Exile on Main Street dos Rolling Stones. Taí um bom exemplo de humildade e profissionalismo: admitir que errou e explicar com bons argumentos o porque de estar arrependido. Agora Kenny sabe da importância do disco para a história dos Stones e do próprio rock. Mas imagino o que ele deve ter sofrido na época em que seu texto saiu na Revista Rolling Stones e os fãs da banda não economizaram nos palavrões. Sei bem porque na minha vida aconteceu uma coisa assim, só que ao contrário e envolvendo assuntos do coração.

Deixa eu explicar essa bagunça. Quando eu tinha 16 anos, me apaixonei por um cara que para príncipe encantado não servia nem de dublê. Não era bonito, mas tinha o seu charme. Na época, eu achava que ele tinha o maior charme do mundo. Foi daquelas paixonites avassaladoras, do tipo que, depois de meia dúzia de palavras trocadas, a gente já ganhar um brilho nos olhos. Na época, eu ainda acreditava nesse tipo de coisa. Hoje sem bem que isso não passa e armadilha e que amor à primeira vista é coisa que só fica legal no cinema e por uma questão de fotografia, não de roteiro.
É óbvio que não fui correspondida, era uma relação impossível na época. Eu era vista como uma espécie de irmã mais nova ou, no máximo, a amiga tagarela da amiga bonitona dele. E mesmo assim eu continuei sonhando, deixando escapar besteiras românticas e fazendo de tudo pra agradar. Talvez tenha sido a fase de maior burrice da minha vida. Graças aos céus e aos mesu neurônios, que trouxeram o óleo de peroba, eu fui vendo que aquele homem charmoso era um belo cara de pau canastrão. A cada descoberta, e eu sou empenhada quando me baixa o Sherlock Holmes, ia percebendo que todos aqueles trejeitos e aquelas conversas não passavam de um personagem barato e muito mal construído.
Daí vem a culpa. COMO EU PUDE SER TÃO CEGA? COMO EU PUDE GOSTAR DE UM BABACA QUE ESQUECEU DE CRESCER? Burra,burra, mil vezes burra. A gente se chicoteia, despeja o milho no canto da sala e pensa em se ajoelhar e cima, compra até um vidro de maracujina pra tentar se acalmar. No fim das contas, cai na gargalhada sozinha e acrescenta mais uma lembrança bizarra pra contar pros netos.
Onde anda o imbecil que me fez perder noites em claro? Sei lá, nunca mais nos encontramos. Mas, segundo dizem as más línguas femininas, ele continua o mesmo e agora vem com brinde: uma barriga bem avantajada.
Tem horas que eu penso em contar pra ele essa história, mas me falta tempo. E tem mais, eu não declarei meu amor por ele nas páginas da Rolling Stones. Logo, desculpa eu tenho é que pedir pra mim mesma. Que venham os homens certos! Ou, os que pelo menos rendam momentos divertidos.

Bjus da Bia

2 comentários:

Márcia Pilar disse...

Pitangas bem choradas tem o seu valor. Eu, por sinal, sou ítima do drama textual e adepta do seu uso desregrado.
Esses corações do passado sempre palpitam às vezes, quando não se encaixam no nosso modo de vida recente ao menos são um deleite para conversas.

Tá de parabéns, como de costume ;P

Libriana Voadora disse...

"chorar as pitamgas, as bergamotas, enfim, a feira inteira" hehehe, adorei essa expressão! E adorei os termos cinematográficos que tu usa pra narrar situações da tua vida! "Para príncipe encantado não servia nem de dublê" Bianca, tu escreve muito bem! Bjsss