terça-feira, 18 de maio de 2010

Ao som dos passarinhos distorcidos


Ler Na natureza selvagem pela primeira vez é uma experiência única. Eu tinha 17 anos quando experimetei as maravilhosas descrições da estrada e da neve do escritor Jon Krakauer. Pude reviver a emoção alguns anos depois, assistindo ao filme dirigido e roteirizado por Sean Penn, que eleva a obra de Krakauer a uma potência que nenhum fã conseguiria imaginar. Penn conseguiu a proeza de fazer um filme tão poético quanto o livro, se deu liberdades inteligentes, que não incomodaram os leitores mais exigentes, que pensam que adaptar uma obra literáriam para o cinema é coisa fácil e, pior, acham que centenas de páginas podem ser resumidas em pouco mais de duas horas.
No último domingo, tive o prazer cinéfilo de curtir a versão em Blu-Ray do longa. É de enlouquecer. Por pouco não se pode sentir a neve gelada caindo e a poeira do interior americano sujando os calçados. Quando os créditos finais começaram a aparecer, tive que rir de mim mesma: eu, a garota urbana, militante pela banalização da vida na selva de pedra, aquela que não gosta de mato, de barraca, de mosquito, que sai pra pescar com as amigas por um fim de semana e já acha que exagerou na dose de verde do ano, me vi encantanda com a história de um cara que troca uma vida pronta por uma aventura. Me pergunto o que terá me seduzido nesta história. Talvez seja aquela coisa inexplicável, aquela vontade de ser o outro que a gente sente de vez em quando. Sabe aquele gostinho que dá vontade de sentir, de brincar de ser diferente do que a gente realmente é? Pois é, pra isso servem os livros e o cinema: pra gente experimentar e, caso ache necessário, correr atrás de uma trama semelhante no tempo que nos resta nessa vida sem roteiro certo.

Bjus da Bia

Um comentário:

James Pizarro disse...

Adirei a nova foto da capa do blog...tá muito bonita !
Parabéns !
Beijo

James Pizarro