
Martha juntou os poucos trapos na mochila. Sabia que muita coisa não ia conseguir carregar, mas um sorriso maluco tomava conta do seu rosto. Ela estava, finalmente, feliz.
O imbecil estava na cozinha, tomando café e tentando acreditar. Ele tinha nome e sobrenome, mas ela nunca dizia. Até o dia em que concordou com a irmã. Ele era um imbecil. E assim devia ser chamado.
Ela pensou em dar tchau como manda o figurino. Beijinho no rosto e um boa sorte. Mas não valia a pena. Ele nunca se mostrou emocionado com despedidas.
Martha havia descoberto uma nova estrada. Ia trocar as ilusões por algo mais palpável e nem por isso menos encantador.
-Tchau.
-Tu vai se arrepender.
-Já me arrependi.
Há esperança nos olhos dele.
-Me arrependi de ter acreditado em ti. Ou melhor, naquilo que eu pensei que tu fosse.
Ela fechou a porta. Não queria mais ouvir ele coloar a xícara na pia. Nem falar besteira quando está com os amigos. Nem contar histórias que ela sabe que nunca foram reais. Mas o mais divertido ia ser vê-lo por aí, aplicando o mesmo golpe. E sempre vendo tudo acabar depois de alguns meses.
Nenhum comentário:
Postar um comentário