quarta-feira, 8 de julho de 2009

Numa outra estrada


Martha juntou os poucos trapos na mochila. Sabia que muita coisa não ia conseguir carregar, mas um sorriso maluco tomava conta do seu rosto. Ela estava, finalmente, feliz.
O imbecil estava na cozinha, tomando café e tentando acreditar. Ele tinha nome e sobrenome, mas ela nunca dizia. Até o dia em que concordou com a irmã. Ele era um imbecil. E assim devia ser chamado.
Ela pensou em dar tchau como manda o figurino. Beijinho no rosto e um boa sorte. Mas não valia a pena. Ele nunca se mostrou emocionado com despedidas.
Martha havia descoberto uma nova estrada. Ia trocar as ilusões por algo mais palpável e nem por isso menos encantador.

-Tchau.
-Tu vai se arrepender.
-Já me arrependi.

Há esperança nos olhos dele.

-Me arrependi de ter acreditado em ti. Ou melhor, naquilo que eu pensei que tu fosse.

Ela fechou a porta. Não queria mais ouvir ele coloar a xícara na pia. Nem falar besteira quando está com os amigos. Nem contar histórias que ela sabe que nunca foram reais. Mas o mais divertido ia ser vê-lo por aí, aplicando o mesmo golpe. E sempre vendo tudo acabar depois de alguns meses.

Nenhum comentário: