
NUnca fui fã de David Lynch. Mas como sou teimosa, assisti todos os seus filmes. Saía do cinema me sentindo oca, como se faltasse algo. Não ficava nem triste, nem feliz. Ficava...insignificante. E não tem nada mais desagradável do que não sentir nada por um filme. Mas as coisas mudam...
Assisti Império dos sonhos ( um título bem podre pra um filme originalmente chamado INLAND EMPIRE) numa noite fria, que me foi presenteada após um dia cheio de confusões. E foi diferente. A cada cena o meu coração disparava e mil perguntas me vinham na cabeça. Ver Lynch na tela, com aquela cara de poucos amigos, mas mesmo assim esbanjando simpatia.
Lynch é adepto da meditação e saber disso talvez tenha colaborado para a minha overdose de sentimentos distintos durante o filme. Lynch segue a linha de seu pensamento, nos apresenta coisas nas quais pensamos nos momentos de bobeira, sem dar a devida atenção. Uma loucura, eu sei. Mas Lynch descobriu que o cinema seria uma bela forma de mostrar que eses pensamentos à primeira vista tolos podem ser a base para nos entendermos melhor.
Lynch me conquistou. Não é amor, é respeito. Um cara que sabe o que faz e não liga pra meia dúzia de bobos que dizem que ele é louco. Grupo esse, do qual um dia eu fiz parte. Não me arrependo, pois foi o combustível que me ajudou a ser persistente e aprender a vê-lo com outros olhos.
Tá, talvez seja só um sinal da idade chegando. Mas sinto a cada dia que passa meu olhar cinéfilo mundando. Não é a miopia, nem o cansaço. É a tal da paixão pelo cinema, que eu pensei que tivesse hora pra parar de crescer.
Bjus da Bia :))