sábado, 26 de novembro de 2011

A crítica e o sentimento

Para a maioria da população, ser crítico de cinema é muito fácil. Você assiste filmes de graça, ganha brindes, escreve qualquer coisinha e deu. Foi. Nunca pensei assim e minha ideia só se acentuou quando comecei a me arriscar a escrever críticas. Deixando minha falta de experiência de lado, a cada dia que passa cada texto vira um parto. No início, e tenho certeza que por culpa da empolgação, você é exagerado, escreve com muitos adjetivos, repete adjetivos, aliás, e acaba criando um texto que mais parece uma declaração de amor. Ou de ódio.
Depois de algumas dicas e textos, você descobre que, como tudo na vida, o bom tom está no equilíbrio. Tá bom, são permitidos alguns deslizes, já que alguns filmes tocam tão fundo em nossos sentimetnos que não há outra saída. Mas mesmo nessas horas, é preciso parar, pensar e colocar no papel. O leitor não tem bola de cristal, é bem provável que não tenha visto o filme. Por isso, uma breve sinopse se faz necessária. Odeio sinopse. Odeio mesmo. É o resumo, do resumo, do resumo. Mas tem muita sinopse por aí que pensa que é crítica.

Escrevo este texto porque, dada a minha paixão pelo cinema, escrever sobre filmes para mim é algo sério. Tenho muiiiiiiiiiiiitooooooo que aprender ainda, estou no início do caminho. Mas desde já prezo o respeito ao leitor, me dando a liberdade de elogiar e falar mal, sempre com argumentos. Talvez um dia, quando eu souber um pouco sobre cinema, meus textos sejam do jeito que eu sonhei que eles deviam ser. E aí eu entro em crise denovo. A tal perfeição a gente não deve alcançar nunca. É ela que move nosso trabalho. E nossa vida.

Estou aprendendo a equilibrar crítica e sentimento cinéfilo. Afinal, texto técnico cansa qualquer um e rasgação de seda torra a paciência até de um monge. Vamos que vamos, aqui ou ali, escrevendo, errando e aprendendo.

Bjus da Bia

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A poeira apaixonante


Sou cinéfila desde que me entendo por gente, já que fui criada num ambiente onde o cinema era assunto sério, discutido em todos os cantos da casa. Com tantas opiniões e sugestões ao meu redor, acabei por não conseguir me decidir por apenas um gênero cinematográfico para chamar de preferido. Eu tenho é uma lista de amores em diferentes intensidades. Mas talvez o que ocupe um lugar especial no meu coração seja o faroeste. E a culpa disso é toda da obra-prima Era Uma Vez no Oeste, do diretor italiano Sergio Leone.
Famoso por ser diretor assistente em vários filmes épicos (Quo Vadis talvez seja o nome mais significativo dessa fase do diretor), Leone ganhou o público e a crítica quando foi pra "cozinha" e misturou uma colher de comédia bem ao gosto italiano, uma pitada extra de violência e uma boa dose do velho oeste americano. O resultado foi o western-spaghetti, gênero que surgiu an italia e se espalhou por toda a europa nos anos 60. Os filmes do western-spaghetti iam ao extremo, com heróis cheios de caras e bocas e muitos tiros que mais pareciam assobios de tão agudos. Com uma produção farta (foram mais 200 longas só em 66!), o gênero acabou repetindo fórmulas e dando aos fãs uma boa quantidade de filmes fracos e, em alguns casos, toscos. Mas no meio disso tudo surgiu Era Uma Vez no Oeste, um filme de Leone que pode e não pode ser considerado um western-spaghetti, tão grande é a sua singularidade.
Antes de mais nada, o longa é um faroeste de primeira linha. Roteiro inteligente, personagens bem estruturados e misteriosos e cenários que tiram o fôlego. Mas o diferencial está na maneira como tudo isso é mostrado. Leone abusou como nunca dos closes nos atores (sua marca registrada) e criou um dos vilões mais malvados que a sétima arte já viu. Não há espaço para piedade ou bons mentos escondidos no personagem Frank, interpretado com maestria pelo sempre elegante Henry Fonda. Franka está na cola do homem da gaita, vivido por Charles Bronson que, como todo bom caubói, fala pouco e atira muito. Aliás, as cenas de violência presentes em Era Uma Vez no Oeste causaram furor na época do lançamento do filme. Mesmo que o motes principais dos faroestes, sejam eles americanos ou não, são os duelos e os desejos de vingança, nunca antes a tela grnade havia visto tantos assassinatos e bandidos sem nenhum escrúpulo. Mas como para tudo é preciso equilíbrio, os roteiristas Dario Argento e Bernardo Bertolucci trataram de incluir nesse tiroteio todo um pouco de charme feminino. Mas não é qualquer charme. A bela Claudia Cardinale vive uma bela viúva que esconde um passado nada comportado em seus olhos delicados. Por mais que as femme fatales existissem desde os ano 40 no universo do cinema, não era comum a mocinha de um faroeste ir para a cama com o bandido.
Para completar a receita de um bom filme ao sugo, Leone chamou para a trilha sonora seu parceiro Ennio Morricone, responsável por eternizar na mente de muitos cinéfilos melodias que lembram a poeira do oeste. A música, aliás, é mais um personagem dentro do filme. Em momentos de tensão, ela acentua ainda mais o clima pesado, quente e modorrento que paira no ar.
Mesmo quem torce o nariz para filmes de faroeste, sob o pretexto de que são todos iguais, deve dar uma chance para Era Uma Vez no Oeste. Mais do que um bang-bang, o filme de Sergio Leone é uma aula de cinema.

Película Sonora

Meus caros amiguinhos, podem começar as pedradas por causa do meu sumiço. Sumi porque muita coisa aocnteceu, sonhos se realizaram, desafios bateram na porta e eu convidei pra um café bem quente. É só o início de uma jornada que, tenho certeza, vai me trazer alegrias até na hora dos perrengues. Enquanto isso, de 15 em 15 dias, vocês podem curtir minhas ideias de cinema na coluna Película Sonora, do Caderno Teen do jornal A Razão, cuidado com muito talento pela jornalista Luísa Kanaan.

Bjus da Bia