quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Como criar um cinéfilo?

Essa história é clássica no grande e engraçado livro da família De França Zasso: minha mãe estava grávida e foi assistir Laranja Mecânica numa versão VHS que até bem pouco tempo ainda habitava a nossa coleção, antes de se perder na mudança. Diz ela que, logo nos primeiros minutos, ela sentiu essa que vos esreve se mexer pela primeira vez dentro da barriga. Coincidência ou não, foi ali que ela se deu conta de que a perpetuação da paixão da família estava garantida. Vinha mais uma cinéfila a caminho.
Nesses tempos de Oscar é inevitável não haver lembranças em pessoas como eu, que cresci rodeada de cinéfilos. Umas das mais complicadas foi em 1997, quando meu avô infartou durante a cerimônia. Foi o ano em que Titanic, de James Cameron levou tudo que tinha pela frente. Por mais que o médico diga que foi a pressão alta, eu ainda acredito que o "sucedido" foi causado por uma emoção cinéfila grave. Afinal, vovô tava torcendo por L.A. - Cidade Proibida, de Curtis Hanson.

Essas e outras histórias me fazem pensar no futuro: e com os meus filhos, como vai ser? Será que eles também vão se mexer ao sentir Kubrick na ela? Vão sofrer baixinho quando o filme preferido perder um prêmio? Ou nada disso, vão levar a vida cmo se o cinema fosse mer enfeite, um passatempo sem compromisso e que merece o mínimo de atenção? Medo, medo, medo.

Talvez eu vire uma mãe chata, correndo atrás de serzinhos que engatinham e que, depois da lição, ensina pra eles como começou a Pixar Animations. Entre uma fralda e outra, o que eu mais quero é que eles sejam felizes. Com ajuda dos filminhos, é claro. Mas por enquanto, é só treino.

Bjus da Bia

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Post Extra: Quem leva Tio Oscar pra casa?


Esse ano como ainda não consegui assistir a todos os indicados ao Oscar (me odeio por isso!) vou deixar quieto meus comentário. Mas é só po enquanto, pois em breve minha língua solta aparece e meus dedinhos vão passear pelo teclado para criar comentários. O que me permito fazer nesse momento é arriscar alguns palpites nas categorias que mais me atraem ( não desmerecendo as outras, é claro!). Bora lá!

Melhor Filme
: A origemPor mais que A rede social seja o atual amor da Academia, meu coração vai pra obra-prima de Christopher Nolan. Vou errar, é quase certo, mas que merece a estatueta, há isso merece.

Melhor Diretor
: Darren Aronovsky, por Cisne Negro
Nolan é bom, mas Aronovsky conseguiu a melhor atuação de Natalie Portman desde sua brilhante estreia em O profissional. Melhor Ator: James Franco
A Academia adora um personagem sofredor. E Franco o pão e o presunto que o diabo amassou em 127 horas. Mas sofre na medida, nada de pieguice. Merece, mesmo tendo como concorrente um tocante Javier Bardem em Biutiful.

Melhor Atriz
: Natalie Portman
Delicadeza e sensualidade num único personagem. único, porém múltiplo. Às vésperas de completar 30 primaveras e tornar-se mamãe, Natalie nos presenteia com a dança do talento em Cisne Negro.

Melhor Ator Coadjuvante: Christian Bale
No papel do irmão bebum e incentivador de um pugilista em O Vencedor, ele mostra que os brutos também amam.

Melhor Atriz Coadjuvante
: Hailee Steinfeld
Só pelo trailer, já conseguiu superar a personagem original de Bravura Indômita.

Melhor Animação: Toy Story 3Não preciso explicar. É puro amor.

Melhor Roteiro adaptado: A rede social
Bem construído, merece.

Melhor Roteiro original: A origem
Preciso dizer? Original como há muito Hollywood não via.

Façam suas apostas!

Bjus da Bia

Leite de cabra em tempos de guerra


Guerra é coisa pra macho. Tá bom, até acredito nessa máxima, mas não há como negar que um dos melhores filmes sobre os conflitos no Iraque foi dirigido por uma mulher que entende de imagem, sangue e violência. Katryn Bigelow caprichou no seu Guerra ao terror e entrou pra história da Academia como a primeira mulher a levar um Oscar de melhor direção. Mas a guerra não está presente só na prateleira de drama e aventura. Tirar sarro também está valendo.
Os homens que encaravam cabras não é um filme comum. Os pseudo-intelectuais não devem esperar reflexões filosóficas e os malucos por imagens grandiosas vão sair decepcionados. O longa de Grant Heslov não está nem aí pro Iraque. E para os americanos...bom, estão menos ainda.
Um exército "alternativo" é formado dentro das forças armadas americanas e destina-se a treinar poderes paranormais dos soldados visando com isso ajudar nas investigações. Entre os poderes dos rapazes está fazer o coração de uma cabra parar só com a força do pensamento e o olhar fixo no bichinho. Bizarro? Na mão de Heslov virou humor negro de primeira. Contada sobre o ponto de vista do jornalista Bob Wilton (um inspirado Ewan McGregor), o filme ainda tem no elenco George Clooney mostrando seu talento para a comédia e Jeff Bridges na pele de Bill Django. Isso mesmo, Django, numa clara referência ao misterioso cowboy que vagava pelo oeste arrastando um caixão com algo bem vivo dentro.
Sim, guerra é coisa pra macho. Mas tirar leite de pedra é do cotidiano da mulher, fazendo ela cinema ou não. Enquanto nenhuma integrante do bando das calcinhas se habilita a rir das babaquices que geram os conflitos, nos contentamos com leite de cabra. Com açúcar e ácido. Assistam e entendam.

Mééé!

Bjus da Bia

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Amigos?


Filmes sobre amizade habitam Hollywood desde que o mundo é mundo. Uns mais piegas, outros tristes...mas nada supera a linhagem dos filmes de opostos, ou seja, filmes onde duas pessoas aparentemente diferentes iniciam uma amizade cheia de altos e baixos que rendem boas risadas e, como não poderia deixar de ser, momentos emocionantes. O mais recente exemplo talvez seja Um parto de viagem, do diretor Todd Phillips. É divertido e tem boas sacadas. Mas não chega aos pés de uma duplinha formada em 1968.
Um estranho casal, dirigido por Gene Sacks juntou Walther Matthau e Jack Lemmon dentro de um pequeno apartamento para contar a história de dois amigos que resolvem morar juntos quando ambos estão vivendo momentos complicados. Enquanto Lemmon vive a melancolia da separação, após um casamento de 12 anos, Matthau tenta se livrar das dívidas que o pôquer lhe trouxe. Seria a clássica batalha entre o romântico e o vagabundo, mas é mais que isso. O personagem de Lemmon tem mania de organização e limpeza e se vê cada dia mais neurótico tendo que habitar o lar doce lar do desleixado e beberrão Matthau. E dessa diferença que surgem as melhores piadas dessa comédia baseada na peça de Neil Simon, que também ficou responsável pelo roteiro do longa.
Não espere briguinhas tolas, piadinhas infames ou tombos exagerados. O que faz rir em Um estranho casal é o roteiro em si, o desenrolar dessa convivência aparentemente impossível entre dois homens tão distintos. Jack Lemmon está no seu auge, suas caras e bocas casam com perfeição para transmitir as manias e alergias de seu personagem. As cenas dos dois amigos conversando num restaurante é a prova disso. Preste atenção e tente não rir. Duvido que você consiga.
A química entre Lemmon e Matthau deve-se muito ao fato dos dois serem amigos fora das telas. Uma amizade que durou até a morte de ambos e que foi festejada numa fraca, porém significativa continuação do filme, lançada em 1998.
A amizade consegue proezas difíceis de explicar. Basta olhar em volta: seus amigos não são diferentes de você? Por mais que sejam as semelhanças que nos aproximem, esses pequenos detalhes que ora provocam discussões, ora rendem boas histórias, são o que dão o tempero da situação. Afinal,que graça teria se todos os amigos concordassem em tudo? Não ia ter picuinha, nem tiração de sarro, muito menos risada. A gente não ia ser tão feliz. E nem tão amigo.

Bjus da Bia

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Uma chance


Qual o melhor programa pra uma noite quente de verão? Cerveja e conversa fiada? Ar-condicionado no máximo? Quando a geladeira não contém nenhuma latinha e a coisa mais fresca do cômodo é um pequeno ventilador, o jeito é buscar conforto num bom filme. Pelo menos essa é a saída mais utilizada por cinéfilos doentes como eu.
A escolha da noite: Apenas uma vez, filme que já havia me deliciado no cinema mas que só agora, na versão em DVD, conseguiu a proeza de me deixar leve depois de um dia complicado. A trama? A surrada garoto-encontra-garota que existe desde antes dos Irmãos Lumiére. Só que não esperem diálogos açucarados, beijos intermináveis e aquele aroma de "felizes para sempre" rondando o final. Apenas uma vez tem um romantismo único. E para poucos.
O casal de protagonistas, os músicos Glen Hansard e Markéta Irglová, nos apresentam um relacionamento que começa por acaso e se transforma em canções. Isso mesmo, canções. Uma mais linda do que a outra, todas compostas pelos atores-cantores e interpretadas com simplicidade e sentimento. Nada de grandes performances. O que se canta é o que interessa e não como se canta ou qual é a marca da calça que se usa como se canta. Daquelas músicas feitas pra ouvir deitado, se possível, sonhando.
O diretor do longa, John Carney, explora o talento da dupla principal com um olha quase documental, como se o espectador estivesse ali, de passagem pelas ruas de Dublin, e resolvesse observar o papo que rola entre a delicada vendedora de flores e o músico de rua ou então os ensaios dos dois mais a banda improvisada para a gravação do CD demo. É tão próximo que a gente só se dá conta do filme quando as luzes se acendem.
Ah, o romance, como posso esquecer dele. Está em cada fala, cada cena. Mas sempre de maneira sutil, como se quisesse se esconder do espectador. Ele e ela (os personagens não tem nome) estão com seus corações partidos; ela pelo marido complicado, ele pela namorada que foi embora. As letras tristes que ele compõem fazem a cabeça dela, que também arrisca seus versos. Se rola um clima? Rola! Mas uma coisinha chamada vida real tá sempre por perto. Responsabilidades, mundos e sonhos diferentes. Os mais sensíveis podem se acalmar, não haverá lágrimas no final e sim um ar mágico. Tipo "podia ter sido, mas não foi. Mas nem por isso foi ruim".
Há amores que não acontecem, mas que deixam rastros pra sempre. Apenas uma vez comprova isso. E ainda faz música da coisa toda.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Deixa eu sumir

Pois é, sumi. Resolvi cair no mundo um pouco e dar um tempo nesse escreve, escreve. Foi praticamente impossível, já que a primeira coisa que eu colocava na mala era papel e caneta. Mas achei que esses escritos ainda precisam de um tempo na incubadora, pra ficarem fortinhos e merecerem ganhar páginas virtuais.
Parei pra observar meus desejos. E foram muitos filmes, os ingressos amassados no fundo da minha bolsa não me deixam mentir. Jogando limpo, por mim eu teria passado todos esses dias dentro da sala escura.Almoço, café e janta ao lado de bons filmes. Porque por mais que eu escureça o quarto, nada se compara a uma sala de cinema. A boa solidão experimentada lá dentro não tem preço. E eu precisava ficar sozinha.

Pra quem gosta de dar umas voltas por aqui, peço desculpas pelo sumiço e adianto que 2011 terá coisas novas e boas. Pra quem não sentiu um pingo de falta, aviso que não largo daqui tão cedo. Aguentem.

Bjus da Bia

sábado, 1 de janeiro de 2011

Meu samurai


Tá todo mundo mostrando a lista de desejos pra esse ano que começou hoje. Mas não vou enganar os leitores deste blog: felicidade não é a palavra do dia. Perdi hoje o meu bebê Haru, o cachorrinho samurai mais carinhoso que já passou pela minha vida. Vê-lo morrer atropelado foi um susto, uma dor imensa que eu nunca vou conseguir expressar em palavras. Sei que muita gente não vai entender esse post. É só um cachorro, vão dizer. Pois quem não gosta de cachorro, não gosta de gente e o meu respeito não tem. Já rezei por ele e tentei lembrar dos bons momentos que passamos juntos sem aquele choro sofrido, mas com um saudade boa, o mesmo sentimento que tomava conta de mim cada vez que eMbarcava num avião e observava a foto dele na tela do meu celular. Até a outra integrante de quatro patas da casa, Dona Flor, sentiu essa perda e latiu a tarde inteira. Fui criada numa espiritualidade onde tudo tem sua hora e que não se deve achar culpado pra perda de alguém. Dói muito, não vou negar. Mas sei que ele tá por aí, cuidando de mim e que pelo resto da vida vou ouvir o choramingo dele ao acordar. Só que os olhinhos castanhos não vão estar mais lá.
Meu pequeno samurai se foi. Mais uma cicatriz num coração que teve que ser muito forte em 2010. O jeito é respirar fundo e encarar 2011. Tenho certeza que o meu bebezinho ia concordar com essa minha decisão. Que venham as flores de 2011. Afinal, Haru, em japonês, significa primavera.

Bjus tristes da Bia